O esporte tem um enorme poder de comunicação. Não é por acaso que, ao redor do mundo, essa indústria movimenta rios de dinheiro. E, justamente no país mais desenvolvido nesse segmento, houve um caso tão estúpido. Colocar em julgamento a camisa contra o racismo de LeBron é se esquecer completamente que transformar uma sociedade faz parte do encantamento desse negócio.
É o lado obscuro do excesso de profissionalismo, essa prática com tantos lados positivos. Recentemente, até a NFL perdeu a chance de levantar a bandeira contra a violência doméstica ao tentar proteger um jogador e uma franquia da liga. Em longo prazo, o que teria mais importância?
No Brasil, um fato inesquecível, ainda que seja um detalhe, foi a despedida Romário da seleção brasileira. Ao celebrar o gol em uma partida amistosa, o então jogador recebeu cartão amarelo por exibir uma camisa que homenageava a filha com síndrome de Down. Assim como LeBron, Romário teria feito uma manifestação que no rigor das regras não era permitida.
Especificamente com o racismo, o esporte sempre foi uma arma poderosa. Jesse Owens no topo do pódio em frente a Adolf Hitler em pleno estádio olímpico de Berlim é uma das imagens mais fortes e conhecidas do mundo. Mais de meio século depois, a presença de Chester Williams no time de rúgbi da África do Sul foi fundamental para unir um país ainda tão desunido.
Agora, a NBA, de tantos ídolos negros, tem a chance de ser protagonista em um momento delicado nos Estados Unidos. Mas, aparentemente, deixará a bola passar.