O Real Madrid se consagrou campeão do mundo no último fim de semana, mas pouco comemorou. A reação foi proporcional ao tamanho da obrigação dos espanhóis frente aos argentinos. Há muito, a disputa perdeu a graça. Das últimas oito edições, os europeus levaram sete títulos.
Há décadas, a diferença entre o futebol europeu e o futebol sul-americano é abissal, mas nunca como hoje. E o problema nem é o enfraquecimento desse lado, mas sim a criação cada vez mais constante de supertimes europeus. Nesse momento, o Real Madrid é uma seleção do mundo, e isso prejudica o esporte.
Com os supertimes, diminuem até os candidatos ao título da Liga dos Campeões, a maior competição de futebol do mundo. Neste ano, é muito difícil imaginar o título longe do Barcelona, Real Madrid ou Bayern de Munique. O time de Madrid chegou a golear o tradicional Liverpool, na Inglaterra, campeão em 2005. Hoje, há uma enorme distância entre os dois.
Os espanhóis já viraram sinônimo de campeonato ruim; é a tal “espanholização” que ficou tão em moda. Na Alemanha, o cenário deste ano é ridículo. Com 11 pontos de diferença, o Bayern virou o primeiro turno praticamente campeão.
O curioso é que a situação que futuramente pode diminuir o interesse sobre a Champions foi criada justamente após o torneio crescer muito nas duas últimas décadas. Com um produto global, os times de destaque se transformaram em marcas internacionais e, de alguma forma, imunes a crises. O Bayern, líder, é um time do mundo. O Borussia, na zona de rebaixamento, é um time do Vale do Ruhr.