O Qatar quer usar o Mundial masculino de handebol para demonstrar capacidade na organização de eventos. O país quer usar a competição como vitrine para melhorar sua imagem no exterior e mostrar profissionalismo. Tudo no evento parece ser profissional. Até a torcida.
A Federação Qatari de Handebol, de certo preocupada com a pouca animação de seus próprios torcedores, trouxe espanhóis de Burgos e Cuenca para apoiarem o país durante a competição. O grupo viajou de avião pela Qatar Airways, enfrentando uma jornada de 6 horas até o país.
Cerca de 60 espanhóis foram contratados para animar a seleção anfitriã em Doha, tendo todas as despesas de viagem e estadia custeada pela federação local, além de salário. Os eleitos são alguns membros das torcidas mais animadas da Asobal, a liga espanhola de handebol. Ficarão por até 18 dias no país ou quanto tempo durar a participação qatari no torneio.
A torcida profissional ganhou camisa e cachecóis brancos e grenás, as cores do país. A estreia dos espanhóis, animada por instrumentos de sopro e percussão, foi contra o Brasil, na quinta-feira, no primeiro jogo do Qatar no Mundial. O grupo conseguiu deixou escanteados os brasileiros presentes na Arena de Esportes de Lusail. Os espanhóis comandaram o restante dos qataris nas arquibancadas, usando os cânticos, coreografia e barulho da charanga como armas. O time da casa venceu por 28 a 23.
Mas e para a partida da próxima quarta-feira, quando Espanha, atual campeã mundial, e Qatar irão se enfrentar pela quarta rodada do Grupo A da competição?
“Vamos apoiar o Qatar”, garante Paco, torcedor vindo de Burgos, em entrevista ao site Canchallena.com.
Os torcedores alugados não parecem ser algo espantoso em uma seleção antes subestimada, mas que agora desponta como competitiva. A equipe que disputa o Mundial é uma verdadeira legião estrangeira, já que o país não possui nenhuma tradição no handebol.
A equipe conta com o espanhol Borja Fernández, os bósnios Daniel Saric e Eldar Memišević, os montenegrinos Goran Stojanovic, Zarko Markovic e Jovo Damjanovic, o cubano Rafael Capote e o francês Bertrand Roine.Até nações da periferia do handebol têm representante no time. É o caso do egípcio Hassan Mabrouk, do tunisiano Youssef Benali, do sírio Kamalaldin Mallash e do iraniano Hamad Madadi. O cubano Capote, por sua vez, ficou famoso no Brasil ao desertar durante o Pan-Americano do Rio, em 2007.
Cada jogador recebe R$ 273 mil por vitória no Mundial. Caso o time se torne campeão, os atletas ainda irão dividir uma bolada de R$ 12,77 milhões.