Após a divulgação do novo contrato da Premier League, nesta semana, cresceu o grau de insatisfação dos clubes menores da Espanha com a venda individualizada dos direitos de TV. As equipes pedem uma regulamentação do governo sobre o assunto.
“Os clubes espanhóis estão perdendo centenas de milhões de euros, o que representa um futuro complicadíssimo para o futebol do país”, reclamou, em entrevista à agência EFE, Javier Tebas, presidente da LFP (Liga de Futebol Profissional), sobre o atraso na aprovação do Real Decreto, que impões a venda centralizada dos direitos de transmissão das competições.
O modelo atual só beneficia Barcelona e Real Madrid. Para o dirigente, caso a venda seja casada, é possível que o valor atual, de € 800 milhões por ano, seja multiplicado, garantindo uma maior igualdade entre os clubes e multiplicando o valor dos acordos. Os clubes espanhóis se mostraram especialmente insatisfeitos após a divulgação do contrato de TV da Premier League, assinado com a Sky e a BT, de € 6,946 bilhões (R$ 22,4 bilhões) por três anos.
“O Real Decreto nos ajudaria a crescer, mesmo que não possamos chegar perto desses valores porque conseguir 15 milhões de assinantes na TV fechada não se faz nem em 5, nem em 6, nem em 7 anos”, analisa Tebas, lembrando que a TV a cabo no país conta com apenas 4,5 milhões de pagantes.
Para ele, a ausência de uma norma que estabelece o método de comercialização e repartição de faturamento, limitará o crescimento da Liga Espanhola. “Estamos em uma encruzilhada histórica. Ou reagimos com o Real Decreto de venda centralizada ou o futebol espanhol vai ser de quinta categoria”, exagerou.
Após o vantajoso acordo alcançado pela Premier League, os clubes com menor cota de TV ainda assim receberão cota semelhante às de Barcelona e Real Madrid atualmente (€ 140 milhões). “Teremos novo êxodo de jogadores. Nosso torneio vai se desvalorizar”, prevê o dirigente. “Quando formos vender nossos direitos de TV, os grandes operadores mundiais já terão gastado seus orçamentos em uma competição importantíssima como é a da Inglaterra”, lamentou.
Tebas estabeleceu um prazo de duas semanas para a aprovação do Real Decreto. Caso contrário, pode haver inclusive greve dos clubes. “Não descarto nenhum tipo de medida. Só nos resta esperar que essa decisão seja tomada, para o bem do futebol, dos torcedores e do esporte espanhol”, disse Tebas.
A ideia de parar o Campeonato Espanhol já foi defendida por alguns dirigentes de clube, como Jean Collet, presidente do Espanyol, que disse ter o apoio de outras equipes. “Esse decreto-lei não sai e pelo menos no esporte a capacidade de fazer ridículo deste governo não tem limite”, diz o dirigente.