Era setembro de 2014, e o Brasil havia acabado de derrotar a Espanha pela Copa Davis. O herói foi Thomaz Bellucci, que venceu duas partidas de simples e colocou a equipe de volta no Grupo Mundial, a primeira divisão do tênis internacional.
Na semana seguinte, porém, era o especialista em duplas Bruno Soares quem voltava às notícias, anunciando mais um patrocinador. O mineiro de 32 anos era o novo garoto-propaganda da Land Rover, que usava sua imagem no lançamento do último modelo do Discovery Sport.
A sequência de eventos era significativa. Bellucci é reconhecido como melhor tenista de simples do Brasil e também é quem, dentro de quadra, mais ganha dinheiro. Fora das linhas, porém, é Soares que atrai a maioria dos patrocinadores.
Atualmente, são nove. Desde a Asics, fornecedora de material esportivo, até a Land Rover. Amigo há 25 anos e empresário de Soares, o ex-tenista Marcio Torres conversou com a Máquina do Esporte durante o Rio Open e resumiu a receita do sucesso de seu cliente: um bom produto, uma entrega além do esperado e, principalmente, uma exposição múltipla com marcas “amigas”.
“As empresas que estão com o Bruno são de grande porte. Cada uma faz marketing no seu nicho, mas todas vão juntas nas ações. Quando ele faz algo para a Land Rover, as outras marcas vão naquele nicho. Cada uma tem sua campanha, mas há valor agregado. Cada empresa tem oito ‘amigas’, oito pólos onde elas são expostas. As marcas se ajudam, e a marca ‘Bruno Soares’ cada vez fica mais forte”, diz Torres.
O sucesso só é possível porque Soares é vencedor. Nos últimos dois anos, venceu dois Grand Slams em duplas mistas e também dois títulos de Masters 1.000 e um vice de Grand Slam nas duplas masculinas. Resultados trazem a exposição que valoriza o atleta.
“Número 1: ele é um cara carismático, então as pessoas criam afinidade, torcem por ele. O valor de mídia do Bruno é uma combinação do carisma e dos resultados e, felizmente, muitos jogos dele têm transmissão ao vivo. O valor de mídia dele é grande”, diz.
Outro aspecto que joga a favor de Soares, ex-número 3 do mundo e atual 10º colocado no ranking mundial de duplas, é o perfil que se encaixa em ações diferentes. Enquanto a Land Rover usa a imagem do mineiro como garoto-propaganda, a Universidade Estácio de Sá faz uma abordagem mais motivacional.
“A Estácio precisa de um cara que tem uma vida louca, que viaja mais do que 99% da população e tem tempo de estudar. A Estácio quer mostrar para os alunos que estudam de dia e querem fazer pós-graduação à noite que é possível. Se você remanejar sua agenda, quiser mesmo, é possível. Se o Bruno pode, todo mundo pode”, comenta.
Soares também conversou com a Máquina do Esporte e lembrou que nunca precisou mudar seu jeito de ser ou adotar postura mais politicamente correta.
“Não sou da noite, não sou de festa, não tem nenhuma polêmica na minha vida.” Ele ressalta que seu calendário, hoje em dia, às vezes até exige que parcerias sejam recusadas. “Hoje, eu viajo demais. Se o cara me diz ‘vou querer cinco finais de semana’, não dá. Não passo nenhum fim de semana no Brasil. Dias de semana eu passo vários, mas fim de semana…”.
O mineiro, aliás, ressalta que não assinaria contrato sabendo que não conseguiria atender às demandas.
“Uma coisa que a gente faz super legal, e eu tenho orgulho de falar, é que a gente faz uma entrega muito legal para os patrocinadores. Eu venho essas duas semanas aqui (Brasil Open e Rio Open), me mato, faço evento para todo mundo. Clínica, sessão de autógrafo, esse tipo de coisa porque é minha parte, é a hora que eu consigo retribuir para as pessoas”, finaliza.