Para sobreviver é necessário estar em constante processo de inovação.
Essa regra vale também no esporte. A crise pela qual passa a Fórmula 1 às vésperas da abertura de temporada lembra, bastante, a tragicomédia que assola o futebol brasileiro.
Lá, tal como cá, o maior problema é a falta de reciclagem do corpo dirigente da principal categoria do automobilismo. Num esporte que é a vitrine de uma indústria bilionária, pouco se faz para mudar os conceitos, romper as barreiras e inovar.
A F-1 paga, hoje, o preço por não ter tido a visão de que teria de mudar para continuar a ser atrativa para as pessoas. Num mundo que debate cada vez mais a substituição dos automóveis por meios menos egoístas e poluentes de transporte, a categoria perde seu sentido.
O jovem, hoje, não está ligado à F-1 como já esteve. Se, antes, a categoria simbolizava a essência de um estilo de vida desejado, com carros potentes, mulheres sedutoras e viagens pelos quatro cantos do mundo, agora os anseios são diferentes. E não houve capacidade para ver isso, corrigir o rumo e manter o diálogo com quem seria o consumidor atual.
A crise que ronda a categoria, com equipes menores reclamando da falta de dinheiro, com piloto indo à Justiça e com o maior astro envolvido num estranho acidente colocam ainda mais em xeque o futuro da F-1.
Para piorar, o dirigente máximo da categoria, Bernie Ecclestone, no ano passado disse que não se importa com redes sociais e que não vê necessidade de falar com os jovens, já que eles não têm dinheiro para comprar os produtos vendidos pelos patrocinadores das equipes.
Se quiser sobreviver, a F-1 precisa voltar a ser sinônimo de um estilo de vida desejado pelas pessoas, mais do que um esporte. Do contrário, em uma década, será um ex-esporte.