A Medida Provisória sancionada ontem pela presidente Dilma Rousseff pode ser vista como o último suspiro para o futebol brasileiro.
Não que seja novidade a criação de uma lei que tente fazer com que os clubes tentem zerar o déficit com a União. Mas é que, agora, parece que o governo cansou de passar a mão na cabeça do futebol e vai exigir bastante coisa em troca de quem entrar na dança (e serão quase todos).
Dentre as contrapartidas exigidas, a que talvez seja mais eficiente é a que obriga o déficit zero até 2021 dentro dos clubes. Ou seja, em cinco anos, os dirigentes precisarão aprender a ter equilíbrio financeiro em suas contas, do contrário vão ter de pagar pela irresponsabilidade.
O embate que deve se estender pelos próximos dias entre governo, bancadas da bola no Congresso e discursos acalorados dos dirigentes é mais ou menos o reflexo da quebra de paradigma que a lei pode significar. A necessidade de aceitar entrar para o refinanciamento é tanta que é bem provável que sejam aceitas as condições impostas pelo governo.
Nunca houve condição tão favorável de se exigir uma melhoria na gestão dos clubes de futebol no país. Em vez de passar a mão na cabeça, o governo está criando regras para que a irresponsabilidade acabe.
Na Europa, Inglaterra e Alemanha foram duras com seus clubes devedores lá nos anos 90 e hoje colhem os louros dessa política. Do outro lado, Espanha, Itália e Portugal foram mais benevolentes com os insolventes. Resultado? Um torneio local de médio porte e clubes que fizeram novas dívidas com a União.
O futebol no Brasil vive numa bolha, inchada pela incompetência do mercado em conseguir melhorar. É um caminho usar a necessidade de caixa dos clubes para mudar essa história. Talvez seja a última saída.