Abrir mão do padrão FIFA nos estádios brasileiros pode soar mal, como se houvesse um declínio na qualidade dos serviços ou, pior, como se retirar cadeiras fosse um modo de declarar falência na civilidade dos brasileiros, um preconceito sem fundamento algum, como qualquer preconceito. Mas, com o espelho alemão, os clubes daqui conseguem um forte argumento a favor da medida.
Teoricamente, um setor sem cadeiras é uma maneira de manter a festa popular nos estádios. A Alemanha se recusou a abrir mão dessa essência em seu futebol, um caminho diferente adotado pela Inglaterra, onde estádios, com caros ingressos, se confundem com teatros.
Aqui, festa, bandeiras, bateria, fantasia, bandas entre outros sempre fizeram parte do fator que tornou o futebol tão apaixonante. Por isso que, invariavelmente, quando uma celebração é banida do estádio, o gestor do esporte dá um enorme tiro no pé.
É aí que entra a grande contradição no Brasil. O Internacional teve a ótima ideia de adotar o modelo de cadeira usado pelo Fortuna Düsseldorf. Ela assegura a festa sem abrir mão do conforto.
Mas a comparação com a Alemanha termina aí. Isso porque o Fortuna cobra € 13 pela área popular, sem o desconto de sócio, o mesmo cobrado pelo Borussia Dortmund. Aqui, o Inter pede R$ 100 pelo setor. E não adianta converter o euro para diminuir a enorme diferença; comparar o poder de compra dos dois países é irrisório.
Cobrar ingresso premium para área popular não faz nenhum sentido. E, claro, não será assim que as raízes do futebol brasileiro serão mantidas.
Está na hora de tomar uma decisão por aqui. Queremos ser Alemanha ou Inglaterra?