O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, afirmou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, que não tem motivos para renunciar e que a confederação enviou toda documentação de contratos para análise da Justiça.
“Não vou renunciar porque não tenho nada a ver com isso”, afirmou o dirigente, que foi questionado sobre os ataques que sofreu do senador Romário (PSB-RJ).
“Não é de hoje que o Romário me ataca. Toda vez que ele me ataca, eu vou ao Judiciário e tomo as providências. Vou continuar processando. Denúncia não existe contra mim. Não há nenhuma razão para eu renunciar”, reiterou o dirigente, que deixou às pressas o Congresso da Fifa, em Zurique, na Suíça, logo após a prisão do vice-presidente da CBF, José Maria Marin.
Segundo Del Nero, a razão da saída às pressas foi poder acompanhar os acontecimentos do Brasil. O dirigente afirmou que entregou cópias dos contratos para análise da Justiça.
“Foram entregues ao procurador-chefe do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e ao ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo] todos os contratos pertinentes. Tudo o que for inquirido nós vamos responder”, disse o presidente da CBF.
Com vários contratos de patrocínio, o local da entrevista coletiva não contava com nenhuma referência aos parceiros da entidade que comanda o futebol no país. Atualmente, Nike, Itaú, Vivo, Guaraná Antarctica, Sadia, Chevrolet, MasterCard, Samsung, Gillette, Gol, Englishtown, Seguros Unimed e Michelin constam no site da CBF como patrocinadores.
Del Nero afirmou que a decisão de retirar o nome de Marin do prédio da confederação foi tomada pela Assembleia Geral da entidade. O dirigente procurou desvincular sua gestão à de Marin. “Vivi 11 anos na FPF sem qualquer mácula. Minha gestão começou dia 16 de abril tb sem qualquer mácula.”
Mesmo próximo de Marin e tendo trocado de cargo com o ex-presidente da CBF, Del Nero afirmou desconhecer qualquer irregularidade nos contratos da entidade. “Não sabia [do esquema de corrupção]. Não tinha conhecimento em hipótese alguma”, reiterou o dirigente, que afirmou que não assinou nenhum contrato no período em que ocupou a vice-presidência da entidade.
De acordo com Del Nero, a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) irá prestar assistência jurídica a Marin. “A gente presta solidariedade ao ser humano, ao amigo. Você tem que tomar as providências necessárias como presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Você fica perplexo com o que aconteceu”, disse o dirigente, que se irritou com a pergunta se não seria um dos “coconspiradores” citado nas investigações da Justiça dos EUA, que teriam recebido propina.
“Eu não sou [o coconspirador] porque eu não recebi nada. Nem receberia.”