O futebol brasileiro tem batido recordes, nas bilheterias e nos produtos licenciados, ano após ano. Nos outros esportes, aumenta-se a venda do pacote de transmissão por streaming da NBA no Brasil, os jogos de vôlei, quando acontecem no país, estão abarrotados, as corridas de rua crescem a dois dígitos anualmente.
O esporte parece, a seu modo, um elemento sem envolvimento com a crise. Mas por que isso acontece?
A relação de desejo de consumo do esporte é completamente diferente daquela que envolve qualquer outra área da economia. O fã sente-se no dever de consumir esporte. Isso acontece, como disse outro dia Gustavo de Mello, VP da NBA, pelo fato de que o torcedor cria o hábito de alimentar a paixão que tem por isso.
Em seu novo livro “Confronting Capitalism”, Philip Kotler, pensador que mais influenciou o marketing atual, afirma que as empresas têm um novo desafio pela frente, que é mostrar algo de valor para a sociedade no que ela faz, e não buscar acumular riqueza às custas da exploração de funcionários e clientes.
O esporte entrega, há anos, exatamente essa lógica de consumo. O fã não se vê parte de um sistema de acumulação de riqueza de poucos quando ele consome o esporte. Assim, no momento de crise, ele pode até cortar aquela viagem fora de hora, ou repensar se vale trocar o carro. Mas a nova camisa do clube, essa ele não abre mão de comprar.
E o que a empresa está esperando para se apropriar dessa conexão para falar com o consumidor? O esporte precisa entregar isso não só ao fã, mas para seu parceiro comercial.