Criada em 2007, a Lei de Incentivo ao Esporte tinha como meta auxiliar no desenvolvimento do esporte, especialmente nos projetos envolvendo desporto educacional e de participação, com o intuito de “promover a inclusão social por meio do esporte”.
Mas, da forma como são destinados os recursos da Lei, o alto rendimento é o “queridinho”.
Levantamento feito pela Máquina do Esporte com os projetos aprovados pelo Ministério do
Esporte desde 2007 mostra que 67,8% da verba captada vai para o alto rendimento, algo que não era o primeiro objetivo da legislação.
Desde 2007, foram captados R$ 1,4 bilhão para a Lei de Incentivo. Desse valor, R$ 981 milhões foram para o alto rendimento. A área educacional ficou com R$ 248 milhões, ou apenas 17,2%. Já o desporto de participação captou R$ 217 milhões desde 2007 (15%).
O curioso é a origem dos projetos de alto rendimento. Eles vão desde bocha para paraplégicos até mesmo o futebol, que chegou a receber milhões com incentivos. Em 2011, por exemplo, o São Paulo captou R$ 7,6 milhões para formação de atletas no Centro de Treinamento. Dois anos depois, o clube faturou R$ 147 milhões só com a negociação de jogadores.
O maior uso de recursos nos projetos de alto rendimento segue uma lógica, já que geralmente eles envolvem maior grau de complexidade e necessidade de recursos para poder acontecer.
Mas, até hoje, a maior disparidade aconteceu em 2007, primeiro ano Lei, quando dos R$ 50 milhões captados, R$ 47 mi foram para o esporte de elite, ou 94% do total captado por incentivo.
A diferença não é tão gritante nos outros anos, mas, no geral, o alto rendimento recebe entre 63% e 70% da verba desde 2008.
Os números poderiam ser maiores caso a captação de recursos fosse mais eficiente. No histórico da Lei, o governo aprovou R$ 3,9 bilhões em projetos, mas apenas 37% desse montante foi captado.
O alto rendimento, nesse caso, é o “vilão”, tendo aproveitado 36% da verba disponível para captação (R$ 981 milhões de R$ 2,7 bilhões).