Análise: Ídolo é peça-chave para esporte ter vitrine no Brasil
O futebol é um mundo à parte. A exceção do esporte mais querido do país, o interesse popular está intrinsicamente ligado ao surgimento de ídolos. Foi assim com a Fórmula 1 de Emmerson Fittipaldi e Ayrton Senna, com o tênis de Guga, a ginástica de Daiane dos Santos, o atletismo Joaquim Cruz. É assim com a natação de César Cielo, que um dia foi Gustavo Borges e Fernando Scherer. E infindáveis exemplos.
O vôlei consegue renovar seus ídolos e, por isso, está sempre na moda. A Fórmula 1 não deixou de ser interessante porque a Globo parou de transmiti-la com o mesmo afinco de duas décadas atrás. A falta de ter para quem torcer é que afastou os brasileiros da TV e, consequentemente, foi minguando a relação da emissora com o esporte.
O brasileiro é competitivo e carente de ídolos. Esporte sem torcida não é esporte. A questão que deve ser discutida é: por que não conseguimos formar atletas capazes de manter o interesse do público por uma modalidade de forma “vitalícia”, não fugaz? A resposta é simples e clichê. Falta investimento na base para que haja renovação.
Tivemos Guga e não houve revolução sólida no tênis. Tivemos Maurren Maggi e o atletismo feminino ainda está no subsolo de investimentos. O dedo que Bernie Ecclestone apontou para o canal de Roberto Marinho por uma cobertura decente da F-1, hoje relegada às transmissões tubo ou compactos na madrugada, é uma discussão muito maior do que espaço na grade de programação. Nem sempre a culpa é da Globo.