A Rússia propôs à Wada (Agência Mundial Antidoping) a elaboração de um roteiro de combate ao uso de drogas no esporte a ser implementado no país. A iniciativa é uma resposta de relatório elaborado por comissão de investigação independente da agência que mostrou programa de doping sistemático no atletismo russo.
“Propus um plano. Se o cumprimos, damos as mãos e não vamos estar sempre ameaçados, cada vez que aparecer uma nova denúncia”, afirmou Vitali Mutko, ministro dos Esportes, em entrevista à imprensa local.
Wada e Iaaf exigem resposta rápida às acusações de que o governo foi complacente com o doping no esporte. Para fazer frente ao problema, o Estado decidiu criar a Agência Antidoping da Rússia (Rusada), que será financiada pelo governo mas fará trabalho independente.
Mutko, por sua vez, rebateu a possibilidade de a Rússia ser banida do esporte e ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem. A punição foi pedida por Dick Pound, que dirigiu a comissão de investigação da Wada. Para o ministro, essa sanção só beneficiaria os adversários. Na Olimpíada de Londres-2012, a Rússia ficou em quarto lugar na classificação geral, atrás de EUA, China e Reino Unido, com 24 outros e 82 medalhas.
“Os atletas não devem sofrer represálias por aqueles que violaram as regras. Lutaremos contra isso. Que reclamações têm contra Sergei Shubenkov [110 m com barreiras], Masha Kuchina [salto em altura], Dasha Klishina [salto em distância] ou Yelena Isinbayeva [salto com vara]?”, questionou Mutko.
Além da punição ao esporte russo, o relatório da Wada pediu o descredenciamento do Centro Antidoping de Moscou. Grigori Rodchenkov, diretor do laboratório, mandou destruir 1.417 amostras suspeitas três dias antes da chegada da fiscalização da Wada. O documento também acusa o governo de infiltrar agentes da FSB (polícia secreta russa, que sucedeu a KGB) no trabalho antidoping durante os Jogos de Inverno de Sochi-2014. Foi recomendado também o banimento de cinco atletas e cinco treinadores, entre os quais Maria Savinova, campeã olímpica dos 800 m em Londres.
Sebastian Coe, presidente da Iaaf, que assumiu em agosto, irá submeter o relatório ao conselho diretivo da entidade, que irá se reunir no final do mês, em Mônaco. Se aprovado, o atletismo russo poderá ser suspenso e ficar fora da próxima Olimpíada.