Sebastian Coe fez lobby para que o Mundial de atletismo de 2021 fosse marcado para Eugene, nos Estados Unidos, segundo revelou hoje a BBC.
A emissora afirmou ter tido acesso a uma troca de e-mail entre diretores da Nike e responsáveis pela candidatura de Eugene, que afirma que Coe utilizou sua influência para que o Mundial acontecesse na cidade norte-americana, próxima à sede da Nike, em Beaverton.
“Falei com Seb esta manhã. Tratamos de diversos temas, mas perguntei especificamente sobre 2021. Deixou claro seu apoio por um 2021 em Eugene”, afirmou Craig Masback, diretor de assuntos comerciais da Nike, em e-mail datado de 30 de janeiro enviado aos responsáveis pela candidatura, Vin Lananna e Robert Fasulo.
A mensagem detalha que Coe falou sobre a nomeação de Eugene com o então presidente da Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), o senegalês Lamine Diack, que havia assegurado que não pensava “tomar nenhuma ação” em favor da cidade norte-americana.
Em abril, apesar disso, Diack propôs uma votação, sem levar em conta o processo de candidatura habitual, e nomear Eugene diretamente sede do Mundial. A ideia teve 23 votos a favor, um contra e uma abstenção no Conselho da entidade.
Desde que foi nomeado presidente da Iaaf, em agosto, Coe se manteve como embaixador global da Nike, um posto que assumiu em 2012 e que lhe concede um salário de € 142 mil anuais, segundo a imprensa britânica.
“Estou com a Nike desde 1978 e não é nenhum segredo. Não acredito que nenhum outro candidato seja mais transparente sobre seus interesses e sobre o que faz”, afirmou Coe, pouco depois de vencer a eleição para presidência da Iaaf, superando Sergey Bubka.
Na semana passada, porém, decidiu romper seu acordo com a marca norte-americana de material esportivo alegando conflito de interesses. A Iaaf possui contrato de patrocínio com a Adidas.
Diack, por sua vez, responde processo por corrupção passiva na Justiça da França, depois de abandonar o posto de presidente da entidade depois de 16 anos no cargo. O presidente é acusado de receber propina da federação russa para acobertar casos positivos de doping.
Seu filho, Papa Massata Diack, demitido no final de 2014 do posto de consultor de marketing da Iaaf, também por corrupção. Massata Diack recebeu quase US$ 5 milhões para ajudar a candidatura de Doha à sede do Mundial de atletismo de 2017. A cidade qatari irá abrigar o evento em 2019.