Há muitos anos, o esporte não vivia um ano tão benéfico. Pode parecer paradoxal escrever isso em meio a uma temporada marcada por sucessivos escândalos de corrupção e queda em série de dirigentes, mas era mais do que necessário provar a quem manda – ou mandava – que a base não está à deriva. Era preciso sacudir as estruturas que pareciam inabaláveis e estavam tão enraizadas na falta de ética.
A reflexão chega com o fim do Campeonato Brasileiro e a imagem dos jogadores, de braços cruzados antes do início da rodada que colocou ponto final na temporada do futebol nacional, em uma iniciativa organizada pelo Bom Senso F.C. para mostrar que os protagonistas do jogo também estão de olho no Lado B do esporte.
Era o gesto que faltava para colocar ainda mais pressão sobre a casa que comanda o futebol no Brasil. Um recado à distância àqueles que controlam o esporte em todo o mundo. A CBF está sob comando provisório, Conmebol e Concacaf estão com seus presidentes na cadeia, e a Fifa terá, dentro de dois meses e meio, uma eleição para definir o seu futuro.
Não há, neste momento, uma figura que inspire confiança e liderança no futebol. A sensação é de que está tudo fora de ordem. Na realidade, agora é que o esporte começa a tomar o seu rumo. Basta não empurrar a sujeira para debaixo do tapete e arrumar medidas paliativas. Que não reste pedra sobre pedra para que a reconstrução comece do zero. E, neste sentido, 2015 foi salutar como nunca para o esporte.