A cerimônia de entrega da Bola de Ouro realizada na última segunda-feira (11), em Zurique, na Suíça, foi além da consagração esportiva de Lionel Messi, que recebeu pela quinta vez o título de melhor jogador do mundo pela Fifa. Mais sóbrio no vestuário, o atleta mostrou evolução também na esfera comercial, esbanjando carisma e bom humor na premiação.
Messi sempre foi reconhecido como um personagem introspetivo. Nos últimos dois anos, especialmente, houve uma mudança de comportamento que refletiu diretamente nos negócios.
A Máquina do Esporte ouviu dois jornalistas radicados em Barcelona sobre o tema. O brasileiro Thiago Arantes, correspondente da ESPN Brasil na Espanha, e o argentino Leonardo Faccio, autor do livro Messi – El Chico Que Siempre Llegaba Tarde (A Biografia de Lionel Messi, título em português, da Ed. Generale) coincidem em um aspecto: a maturidade familiar foi o ponto crucial neste crescimento.
“Messi, de repente, teve de lidar com problemas adultos. Se tornou pai e enfrentou os questionamentos sobre evasão fiscal. Foi uma mudança radical. Além disso, o Barcelona teve uma transição de liderança, chegada de novos astros, e ele foi obrigado a se reinventar em todos os aspectos”, disse Faccio em referência à saída de Pep Guardiola e às entradas de Neymar e Luis Suárez no elenco blaugrana.
“O Neymar ainda é um menino, muito jovem. Mais adulto, Messi se viu no papel de protetor, padrinho. Além disso, eles são as principais estrelas de duas empresas concorrentes. Neymar é Nike, enquanto Messi joga com a Adidas. De alguma forma, isso fez com que ele deixasse de ser um líder silencioso para fortalecer a sua marca. Eles funcionam como par, mas é preciso deixar claro, ainda que pareça óbvio, que isso beneficiou todo o time. E que, no âmbito esportivo, Messi já era o melhor do mundo quando o brasileiro chegou”, destacou o autor da biografia do argentino.
A rivalidade com Cristiano Ronaldo nos negócios é considerada pouco relevante nesta evolução. Em junho do ano passado, Messi foi apontado pelo Observatório do Futebol de Neuchâtel (Suíça) como o jogador com maior valor de mercado do mundo: entre € 255,3 milhões e € 280,8 milhões, o dobro do português, terceiro colocado no ranking, atrás do belga Eden Hazard, do Chelsea.
O valor é potencializado pelos dez patrocinadores globais que apoiam jogador de 28 anos: Adidas, Samsung, Turkish Airlines, Gillette, EA Sports, Ooredoo, Pepsi, Audemars Piguet, Heads & Shoulders e Space Scooters. O novo Messi tem tatuagens, interage com frequência nas redes sociais, é pai de família e trocou a Dolce & Gabbana, responsável pelo espalhafatoso visual do evento da Bola de Ouro no ano passado, pela sobriedade da italiana Armani.
“Como ele ganhou a Bola de Ouro, a repercussão por aqui [da roupa] foi mais contida. Há uma evolução, sobretudo, do Messi como pessoa. Ele está mais maduro, fala melhor nas poucas entrevistas que dá, tem se posicionado com mais clareza. Isso certamente influencia a percepção dele sobre várias coisas: a importância dele como produto de marketing, com certeza, está entre elas”, explicou Thiago Arantes.