O esporte no Brasil precisa acabar com um tipo de folclore. Não é aquele das lendas ou das tradições que o cercam e que fascinam os torcedores. Mas sim o pitoresco, o tal do dirigente folclórico. Esse aí, seja ele no clube, na federação ou no patrocinador, já perdeu totalmente a graça.
A última piada questionável foi com o supervisor de futebol do Cruzeiro, que em uma entrevista na última semana afirmou que tentou subornar um árbitro há algumas décadas. O tom foi de fanfarronice, mas o conteúdo, de tão abominável, criou uma enorme polêmica.
Como consequência, o cartola foi afastado do futebol cruzeirense para fazer um “tratamento médico”.
O problema é que o caso está longe de ser uma exceção. Com a graça de parte da mídia e de parte dos torcedores, os fanfarrões se perpetuam no futebol. E os invariáveis excessos mancham uma indústria em desenvolvimento.
A iniciativa é sempre dispensável. Um bom exemplo poderá ser visto nos próximos meses. O ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, sempre fez questão de jogar nesse time. Nos bastidores, com méritos e problemas, ele mudou o time paulista. No entanto, com a imagem construída nos últimos anos, será difícil seguir sua ambição de presidir a CBF. É uma questão de mera credibilidade.
No último ano, dois patrocinadores mostraram ao mundo que a atitude está longe de ser exclusividade da cartolagem. Os mandatários da Guarativon e da FAM resolveram abrir mão do filtro para falar. O resultado foi crise desnecessária nos clubes que carregam suas marcas.
Já passou da hora do futebol brasileiro bater forte contra os falastrões. Eles não cabem em um ambiente minimamente profissional.