Um dos maiores corredores da história do esporte é hoje também um dos homens mais ricos de seu país. Haile Gebrselassie, dono de dois ouros olímpicos nos 10.000 m e por quatro vezes recordista mundial da maratona, tornou-se um empreendedor de sucesso na Etiópia antes ainda de abandonar as pistas.
“Hoje sou um homem de negócios na Etiópia. Tenho muitas fazendas, escolas, hotel, concessionária de automóvel. Emprego 1.700 trabalhadores”, orgulha-se Gebrselassie, em entrevista à Máquina do Esporte, durante visita ao Brasil em evento da Adidas, uma de suas patrocinadoras.
Desde o período em que ainda corria, Gebrselassie já começou a utilizar o dinheiro recebido de patrocinadores e premiações para empreender em seu país. De origem rural, iniciou comprando extensas fazendas. Hoje é dono de alguns milhares de acres de terra, onde planta feijão e café.
Posteriormente, passou a fazer investimentos urbanos. Assim, comprou um resort em Lake Awasa, ponto turístico ao sul de Adis Abeba, a capital do país. É dono também de uma incorporadora imobiliária responsável pela construção de sete prédios.
Também é proprietário do edifício Alem, cujo nome é uma homenagem à sua mulher. O prédio de escritórios é um dos mais altos da capital etíope. Outro de seus empreendimentos é um grande showroom da Hyundai em Adis Abeba. O ex-maratonista detém a exclusividade na Etiópia para a importação de carros da marca sul-coreana.
Mas é em um investimento sem lucro tão visível que se tornou a menina dos olhos de Gebrselassie. Ele é dono de duas escolas primárias gratuitas. Para o atleta, a educação é chave para resolver os graves problemas de desigualdade social na Etiópia.
“A Etiópia possui muitos problemas com a pobreza. As pessoas não têm o suficiente para viver. Como melhorar isso? Dando educação aos jovens”, prega o fundista. “Educação não significa só colocar as crianças na escola, implica ensinar valores. E eu quero fazer isso”, acrescenta.
Educação como instrumento de transformação social? Tal projeto pode aproximar Gebrselassie da política, algo que o ex-corredor não descarta.
“Eu ainda tenho esse tipo de ambição. Pretendo me candidatar [à presidência] daqui uns cinco ou dez anos. Eu tenho muita experiência por todo o mundo. Poderia trazer isso para a Etiópia”, comenta.