Quando, em 2010, os clubes decidiram implodir o sistema único de negociação dos direitos de mídia do Campeonato Brasileiro, colocando um fim ao Clube dos 13, o futebol no país sofreu enorme retrocesso.
Iludidos pela percepção de que, ao negociarem sozinhos, os clubes conseguiram os melhores contratos de sua história, os dirigentes acabaram com o único poder de barganha que tinham numa mesa de negociação.
Agora, com a entrada pesada do Esporte Interativo na jogada, essa perda de força dos clubes fica clara. Em vez de, em bloco, os clubes negociarem aquilo que é melhor para todos eles, cada um corre atrás do seu e tenta se virar como pode.
Essa situação gera desgaste para os dirigentes e para as empresas de mídia envolvidas na negociação. Em vez de sentar-se apenas numa única mesa e negociar diretamente, os executivos precisam conversar com pelo menos 20 dirigentes e tentar apoio dentro de 20 conselhos de clubes, sempre formados por pessoas despreocupadas com a gestão.
Isso desgasta e cria barreiras para a sustentação de um modelo em que o esporte pode mais e a TV, menos.
Do jeito que está o equilíbrio de forças, o futebol só perde ao negociar na base do cada um por si. Para as emissoras de TV, por mais difícil que possa ser o trâmite, paga-se bem menos ao negociar individualmente.
Como a necessidade de cada um sempre é maior que a do todo, uma negociação individual tem apenas um lado forte, o do dono da grana.
O futebol brasileiro involuiu em 2010, mas só agora começa a perceber isso. Até que demorou pouco…