Johan Cruyff foi um dos melhores jogadores da história, e sua importância vai além das quatro linhas. O holandês é uma marca do futebol profissional, um resumo do que acontece até hoje nos bastidores, com suas serventias e suas perversidades.
O relato da jornalista Barbara Smit em “Invasão de Campo” resume a atuação de Cruyff nos bastidores. Basicamente, o holandês se beneficiou como pôde das disputas que envolveram a família Dassler no comando de Puma e Adidas.
O primeiro contrato de Cruyff com a Puma foi em 1967. E a relação entre o jogador e a marca parece uma prévia de algo que insiste em existir. A birra do jogador de temperamento árduo colocou a marca alemã em situações complicadas. Relatos públicos de bolhas e treinos com Adidas nos pés explicitavam o atleta pouco confiável.
Cruyff queria, claro, mais dinheiro. E quando recebeu e se acertou definitivamente com a Puma, chegou ao extremo de se recusar a atuar com as três listras da Adidas nos ombros na Copa do Mundo de 1974. A empresa, ciente do que seria tirar o maior craque do time, cedeu uma exceção. A camisa 14 da Holanda com apenas duas listras é emblemática da disputa histórica entre as duas gigantes alemãs.
Genial dentro de campo, Cruyff soube enxergar o mercado ao seu redor para lucrar o máximo possível. Quando chegou ao seu objetivo, defendeu a Puma de modo inimaginável nos dias de hoje. Foi um verdadeiro embaixador da marca. E até produto licenciado ele teve.
Mas foram os métodos de negociação perversos, tão presentes ainda hoje, que não deixarão saudades. Essa parte, e somente essa, deve morrer com o gênio holandês.