Partes diretamente envolvidas na realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro resolveram se manifestar para proteger o evento contra a associação à situação de Calamidade Pública declarada Governo do Estado na última semana.
Quem se manifestou com maior ênfase foi a Prefeitura da cidade. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, veio a público para defender a realização do jogos, que teria aumentado a taxa de investimento na cidade em 43%. “As Olimpíadas servem, inclusive, de argumento para se pleitear essa ajuda ao governo federal para estabilização dos serviços do estado”, atacou.
A Prefeitura do Rio de Janeiro disponibilizou uma apresentação pública para destrinchar as contas dos Jogos. Paes indicou que, em instalações esportivas, a cidade investiu R$ 732 milhões, cerca de 1% do que foi gasto em saúde e educação entre 2009 e 2016. E indicou que dois terços dos investimentos serão legados para o município.
Ressaltou, também, que a maior parte do investimento público nos Jogos Olímpicos veio da Prefeitura, e não do Estado ou do Governo Federal. “Se alguém tivesse que quebrar, seria a Prefeitura do Rio, que fez 94% das coisas”, afirmou.
Ao jornal “Estado de S. Paulo”, foi o Comitê Olímpico Internacional que se defendeu. O veículo conversou com alguns dos principais dirigentes da entidade, que tiraram a responsabilidade pelo momento vivido. “A crise é do país, do Brasil. Não é da Olimpíada”, resumiu o vice-presidente do COI, Yu Zaiqing.
Na terça-feira, outro veículo fez o contraponto. A “Folha de S.Paulo” entrevistou o economista Andrew Zimbalist, autor do livro “Circus Maximus”, que detalha o impacto econômico dos Jogos Olímpicos e das Copas do Mundo em seus países-sede.
“Haverá uma quantidade enorme de dívida pública que será criada para receber os Jogos, e essa dívida terá de ser paga nos próximos anos, podendo inclusive afetar a nota de crédito do governo nas esferas federal, estadual e municipal. Eu acho que o impacto será pernicioso”, comentou Zimbalist.