Como uma empresa africana, fundada em 2009, pode triunfar no Brasil em um segmento restrito? Esse foi o desafio da Angola Cables, que resolveu usar o esporte como uma das ferramentas para conseguir negócios no país. A convite da companhia, a Máquina do Esporte acompanhou os dois barcos patrocinados pela marca na Semana da Vela de Ilhabela, um dos mais tradicionais eventos da modalidade.
A Angola Cables é uma empresa de telecomunicação especializada em cabos submarinos. Para entrar no mercado brasileiro, a companhia fez um investimento de US$ 300 milhões, cerca de R$ 1 bilhão, na construção de ligações diretas entre a Angola, Estados Unidos e Brasil. Tem como clientes as operadoras que atuam nos países. O projeto SACS, por exemplo, irá unir Luanda a Fortaleza, com uma ligação de fibra ótica que cruzou o Atlântico.
O processo de entrada no mercado brasileiro, no entanto, não é fácil para uma companhia ainda desconhecida e oriunda de um país menos desenvolvido. “O que nós estamos a fazer, do ponto de vista empresarial, é uma grande aventura. É um investimento angolano para mundo. Isso por si só é uma aventura. Precisamos criar credibilidade, criar bom nome, criar aceitação das pessoas que vão comprar o produto”, contou o CEO da companhia, António Nunes.
Este é o segundo ano seguido que a Angola Cables está presente no circuito brasileiro de vela, mas o investimento começou ainda na própria Angola. A empresa ganhou mídia em seu país de origem ao fazer a travessia entre Cape Town, na África do Sul, e Rio de Janeiro em um veleiro patrocinado pela companhia. O trajeto será repetido neste ano.
A simbologia buscada é óbvia: os barcos representam a capacidade de Angola Cables em cruzar os mares com eficiência. E, por isso mesmo, a vitória neste ano se tornou um objetivo declarado de Nunes. Em 2015, a equipe conseguiu ficar em terceiro na regata de Ilhabela. O plano agora é vencer para aparecer. A empresa só não revela o quanto tem sido investido na “aventura” esportiva.
Além da analogia, a Angola Cables usa o evento de forma mais tradicional quando se trata de um esporte de elite. “A vela não é um desporto barato. Quem disputa a vela nesse nível são CEOs de empresas, diretores de empresas. Então nós usamos isso para chegar a essas pessoas de uma forma mais descontraída”, contou Nunes.