“Podem se orgulhar, porque a partir de agora vocês são um dos poucos condutores oficiais da chama olímpica”. Desse jeito que Thamires pede atenção para 20 pessoas reunidas em uma sala anexa ao Centro de Cultura Palace, em Ribeirão Preto.
A empolgação com que a funcionária do Rio 2016 nos fala sobre o que é conduzir a tocha chama a atenção. Já estamos no 77º dia do revezamento e o único motivo pelo qual ela tem a lamentar foi ter ficado 32 desses dias trabalhando dentro do escritório no Rio de Janeiro, sem poder ter o contato com os condutores e suas histórias.
Participar do revezamento traz orgulho e preocupação. São só 12 mil pessoas num país de 200 milhões que terão a honra de fazer parte da maior celebração nacional dos Jogos Olímpicos. Mas, ao mesmo tempo, olha o tamanho da responsabilidade que isso representa!
Os funcionários do Rio tentam explicar desde a história da chama olímpica até a relação dos patrocinadores do revezamento com o evento em si. Por isso mesmo, pedem a nós animação para quando a caravana passar, lembrando, sem citar, do “esfor$o” que as marcas fizeram para estar ali.
Tudo muda quando você é chamado para descer do ônibus. Aí o que era um evento privado passa a ser público. As pessoas te olham diferente. Pedem para tirar foto com a tocha, ainda apagada, como se fosse um objeto inatingível.
Quando a chama acende a tocha, a loucura começa. Em meio ao turbilhão de pensamentos internos, começo a ver as pessoas pedindo para andar mais devagar para conseguir tirar uma foto da chama, numa forma de dizer que ela fez parte daquilo.
Os aplausos, a admiração, a felicidade de estar perto da chama olímpica mostram que a torcida – e a alegria dos funcionários do Rio 2016 – é que transformam tudo num objeto de desejo.