A Rússia pode ser impedida de disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro após a divulgação de relatório que comprova que o Estado apoiou e patrocinou o encobrimento de casos de doping no país com envolvimento de integrantes do governo próximos ao presidente Vladimir Putin, o serviço de inteligência e autoridades esportivas.
O Comitê Executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional) agora vai discutir os resultados do relatório elaborado pelo advogado Richard McLaren, da comissão independente nomeada pela Wada (Agência Mundial Antidoping) que investigou o problema na Rússia.
“[O relatório] É um ataque chocante e sem precedentes sobre a integridade do esporte e dos Jogos Olímpicos”, afirmou Thomas Bach, presidente do COI.
McLaren conta ter encontrado evidências convincentes de que o Ministério do Esporte do país escondeu centenas de testes positivos de seus atletas durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, bem como para o Mundial de atletismo de Moscou, no ano seguinte, e os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014.
As duas propostas a serem debatidas são a suspensão do país do mundo olímpico ou que cada federação internacional decida se irá permitir a participação de russos em sua modalidade. O atletismo já baniu os competidores do país dos Jogos do Rio 2016. Devido ao escasso tempo para debater o assunto, dificilmente essa decisão não será conjunta para todos os esportes.
Segundo o relatório McLaren, a grande maioria dos atletas russos dos esportes olímpicos de verão e inverno foi beneficiada por um sistema que fazia resultados positivos desaparecerem. A estratégia se tornou política estatal após a má campanha nos Jogos de Inverno de Vancouver, no Canadá, em 2010. Na ocasião, o país ficou em 11º lugar, com 15 medalhas, sendo só três de ouro.
O governo russo rebateu as acusações dizendo que o relatório foi baseado em uma delatora com “reputação escandalosa”.
Segundo McLaren, Yuri Nagornykh, vice-ministro do Esporte, nomeado por Putin, é quem “decidia quem seria beneficiado pelo encobrimento e quem não seria protegido”.
Bach está sob crescente pressão de grupos de atletas, bem como a Agência Mundial Anti-Doping, o que quer que a Rússia proibiu. De acordo com a McLaren, uma figura-chave foi o vice-ministro do esporte, Yuri Nagornykh, nomeado por Putin, é quem “decidiu que iria beneficiar de um cover-up e que não seriam protegidos”.
O relatório também acusa que amostras contaminadas com esteroides eram trocadas por urina “limpa” em Sochi com a ajuda de funcionários do serviço de inteligência e membros do corpo antidoping da Rússia. As amostras positivas eram desviadas de dentro do perímetro de segurança do laboratório de Sochi para uma sala de operações anexa, onde eram substituídas.