O veto ao uso de calçados de marcas concorrentes da Asics no handebol, mais do que ser uma afronta ao atleta, é uma síntese da dificuldade de se fazer esporte no Brasil para além do futebol.
A queda de braço entre confederação e atletas é só o estopim de um problema maior.
A realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro possibilitou para o handebol a conquista de contratos que nunca antes haviam sido sonhados. Em 2009 o Rio foi eleito sede dos Jogos. Em 2011, o Brasil abrigou o Mundial feminino da modalidade e esteve entre os semifinalistas. Sem uma marca esportiva oficial além da Penalty, eterna parceira.
Antes dos Jogos de Londres, em 2012, a CBHb conseguiu um acordo de quatro anos com a Asics, algo inédito na história da entidade. No ano seguinte, o Brasil foi campeão mundial feminino pela primeira vez.
A partir dali, outras marcas viram que havia uma oportunidade naquele esporte, já que o próximo grande evento seria em 2016, em “casa”.
Em 2014, reportagem da Máquina do Esporte mostrava que não havia no mercado camisas das seleções brasileira de vôlei e basquete à venda, com o país jogando naquele momento os Mundiais das modalidades. Após nossa denúncia, as diferentes entidades começaram a exigir lojas oficiais e venda de produtos de seus parceiros comerciais.
Não fosse o Rio 2016, a Asics não teria procurado o handebol. Não fosse o título mundial, outras marcas não teriam buscado os atletas. O problema não é o detalhe do contrato que impede o uso de uma ou outra marca.
O buraco é bem mais embaixo no esporte nacional.