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No ostracismo, João Havelange morre aos 100 anos

Era início da manhã de 16 de agosto quando morreu, aos 100 anos, João Havelange, um dos principais dirigentes esportivos da história do esporte e…

Era início da manhã de 16 de agosto quando morreu, aos 100 anos, João Havelange, um dos principais dirigentes esportivos da história do esporte e grande articulador da vitória do Rio para sede dos Jogos Olímpicos.

O fim de vida esteve longe, muito longe, do glamour e do poder que cercaram Havelange principalmente desde 1974, quando assumiu a presidência da Fifa e iniciou uma revolução na gestão do esporte mundial, transformando o que antes era um passatempo de fãs da bola num negócio bilionário – e sujo.

Em sua condução ao poder na Fifa, Havelange introduziu o primeiro grande negócio da Copa do Mundo. Patrocinado pela Adidas, angariou votos e buscou aumentar o Mundial.

Na época, com a popularização da TV, Havelange endureceu o jogo com a mídia. Em 1978, na primeira Copa após assumir a Fifa, elevou de 16 para 24 o número de seleções, fez os primeiros acordos com multinacionais e passou a exigir mais dinheiro para dar os direitos de transmissão da competição à TV.

Apostando nessa relação dura com as marcas e a mídia, e de articulação com os pares de dirigentes pelo mundo, Havelange praticamente criou o modelo atual de gestão esportiva.

Seu poder  tornou-se tão grande que, em 2009, mesmo longe das atividades como cartola, ele foi o principal articulador da candidatura do Rio para os Jogos. Aproveitando-se de sua influência sobre países da África, Oceania e América Central, conseguiu o que parecia improvável: a escolha do Rio contra candidatas como Chicago e Madri.

Pouco depois, investigações da Justiça suíça concluiram que Havelange havia recebido propina da antiga agência de marketing esportivo ISL. Assumiu a culpa, devolveu parte do dinheiro e foi retirado do processo.

O caso, porém, custou-lhe o cargo de presidente honorário de Fifa e COI, e a saúde de Havelange a partir de então piorou.

A imagem de grande dirigente foi tão abalada que o COI simplesmente ignorou sua morte. Justamente no Rio 2016 que ele ajudou a fazer acontecer.