Uma hegemonia de 12 anos e 4 edições dos Jogos de Verão foi confirmada nesta quarta-feira no Rio 2016. A japonesa Kaori Icho conquistou o tetracampeonato olímpico na categoria até 58 kg da luta livre. É a primeira mulher, de qualquer modalidade, a atingir essa façanha.
“Luto há tantos anos que tenho que agradecer a todos aqueles que me apoiaram: minha família, meus amigos e todos os que me cercam”, afirmou Kaori, após derrotar na final a russa Valeriia Koblova Zholobova.
Com o quarto ouro, a lutadora iguala a façanha que apenas cinco homens conseguiram em esportes individuais na história olímpica: Al Oerter e Carl Lewis (atletismo), Paul Elvstrom e Bem Ainslie (vela) e Michael Phelps (natação). Kaori também é a primeira japonesa a somar quatro medalhas douradas e a primeira atleta a atingir esse feito na luta livre. No total de medalhas em lutas, ela só perde para o alemão Wilfried Dietrich que ganhou cinco medalhas entre 1956 e 1968, mas apenas uma de ouro.
Kaori descobriu a luta livre através da irmã mais velha, Chiharu, que treinava a modalidade. A família Icho viajou junta para competir em Atenas 2004 quando a versão feminina do esporte foi introduzida no programa olímpico. Kaori ficou com o ouro, enquanto a irmã terminou com a prata na categoria até 48 kg.
Quatro anos depois, em Pequim, as irmãs repetiram a campanha. Foi quando Chiharu decidiu encerrar precocemente a carreira esportiva, aos 26 anos. Sem motivação para continuar, Kaori também decidiu parar. “Não tenho objetivos na luta livre se Chiharu parar. Então, Pequim foi meu último torneio”, declarou, à época.
A virada aconteceu nos meses seguintes, quando as irmãs Icho foram fazer intercâmbio no Canadá. Enquanto estudava inglês, Kaori passou a dar aulas de luta livre para estudantes. Oito meses depois, de volta ao Japão, decidiu retornar aos treinos. Sábia decisão. Em Londres 2012, a japonesa conquistou o tricampeonato olímpico. No período que antecedeu os Jogos do Rio 2016, manteve a hegemonia em Mundiais, acumulando dez títulos.
Durante 13 anos, Kaori também manteve uma raríssima invencibilidade na luta livre. Foram 189 triunfos seguidos. A escrita só foi quebrada no início do ano, quando ela perdeu para a mongol Orkhon Purevdor, na final do Grand Prix de Krasnoyarsk, na Rússia.
Mais do que a perda da invencibilidade, Kaori passou por uma perda ainda mais amarga no ano passado: a morte da mãe. “Eu realmente sinto falta dela. Sei que ela está no céu olhando para mim. Sinto a presença dela. Os últimos dois pontos [da final] foi ela quem me orientou”, disse a atleta.