Nos últimos dias li algumas bobagens sobre a Paralimpíada e essa coluna é uma espécie de desabafo e defesa sobre a importância do evento.
Um comentarista nas redes sociais criticou o apagamento da pira olímpica do Rio 2016. O argumento é que ao fazer o ato, promovemos a “invisibilização institucionalizada dos paratletas”. Para refutar isso, acho necessário retomar um pouco de história.
A Olimpíada da Era Moderna foi criada em 1896. Já o acendimento da pira olímpica apareceu pela primeira vez em Amsterdã 1928. O paradesporto, por sua vez, nasceu dos esforços de reinserção social de soldados que haviam ficado com alguma deficiência após ferimentos no front da II Guerra Mundial. Em 1948, no dia da abertura da Olimpíada de Londres, houve o início dos Jogos de Stoke Mandeville, local de um hospital de reabilitação.
Com o tempo, o movimento cresceu, e Roma 1960 foi a primeira Olimpíada a ter também Paralimpíada. Portanto, Jogos Olímpicos e Paralímpicos são eventos, com histórias e tradições distintas, comandados por entidades diferentes, embora em colaboração há alguns anos.
Por que, então, não integrar de fato atletas e paratletas na mesma prova? Alguns competidores inclusive romperam essa barreira e disputaram a Olimpíada, como Oscar Pistorius e Marla Runyan.
Mas seria justo colocar paratletas para nadar contra Michael Phelps ou correr contra Usain Bolt? Ou pior: para obter marcas suficientes para se classificar para os Jogos Olímpicos?
Porque, nesse caso, poderíamos defender igualdade, que é prover oportunidade igual a todos os atletas. Mas não promoveríamos justiça, porque não é justo limitar as possibilidades dos paratletas apenas com os Jogos Olímpicos.
É possível que, no futuro, haja uma fusão dos dois eventos, algo que hoje nem é discutido por COI e CPI. Mas tenho certeza de que todo paratleta que treinou no último ciclo olímpico para disputar a Paralimpíada do Rio, sonha com sua competição em condição igual a seus rivais. Não seria justo tirar deles essa satisfação.