Foram cenas assustadoras na partida entre Flamengo e Corinthians. Mas só um lado foi punido. Simbolicamente, o acorrido no Maracanã gerou uma das imagens mais fortes já vista em nossos estádios. Sem camisa, enfileirados, os torcedores no Maracanã lembravam o pós-rebelião de prisões.
Se o abuso já deveria ser condenado nos Carandirus pelo país, ele não deveria ser cogitado em um estádio. Mas ele aconteceu, e a repercussão foi triste. Parte da imprensa e dos torcedores apoiaram a ação do Gepe, completamente ilegal. A grandíssima maioria das 3 mil pessoas no setor do Maracanã queriam apenas assistir a um jogo de futebol. E foram humilhadas.
O fato ainda teve o apoio do Flamengo que, míope, achou razoável uma cena dessas em seu estádio. Não se engane, não tenha dúvida: se você acha aceitável essa generalização a torcedores como justificativa à punição de meia dúzia, o bandido é você.
Ninguém questionará que os torcedores envolvidos em briga devem ser julgados pelos seus atos. Mas, um estádio de futebol nunca será um lugar do bem enquanto houver espaço para ações como a do Gepe. Há décadas é assim no Brasil: só vai ao estádio quem é muito fanático, meio louco.
E o fato esteve longe da exceção. Quem vai às arenas pelo Brasil sabe muito bem o tratamento hostil e inócuo oferecido por quem deveria organizar o espetáculo. Isso deveria ser questão prioritária, mas o STJD e a CBF insistem em ser ineficientes.