Foram os dias mais difíceis de trabalhar. Ouvi essa frase de vários amigos jornalistas, alguns com bem mais experiência do que eu, ao longo da interminável semana, que começou na madrugada de terça-feira e nunca irá terminar.
É muito difícil focar no trabalho olhando para a mesa do lado onde se sentava o colega que nunca mais vai contar aquela piada que leu nas redes sociais, te chamar para um cafezinho ou te zoar por causa do resultado da rodada do fim de semana no Brasileirão.
Difícil não se comover com o experiente repórter Ari Peixoto, da Globo, que se emocionou no meio do link ao noticiar a liberação do corpo do colega de emissora. Ou com o comovente abraço de dona Ilaídes, mãe de Danilo, ao repórter Guido Nunes, do SporTV.
Na terça, em meio às informações desencontradas sobre a vida do goleiro, torci muito para que ele sobrevivesse. No dia seguinte, como homenagem ínfima, votei em Danilo em uma das enquetes de fim de ano sobre os melhores do Brasileirão.
Encerrados os sepultamentos, tenho certeza de que lembraremos para sempre todas essas perdas. No jornalismo, ninguém sofreu mais do que os colegas do Fox Sports. De cerca de 200 funcionários, seis morreram na tragédia. Mas é preciso se concentrar em novas coberturas.
Da pequena Chapecoense, que se fez grande no futebol brasileiro, 19 jogadores partiram. É desafio agora remontar elenco, comissão técnica e diretoria. Novos desafios que virão na próxima temporada. Tudo muito difícil. Mas necessário.