Qual o maior reflexo da disputa entre Atlético, Coritiba e Federação Paranaense de Futebol para o mercado?
A pergunta começou a pipocar pelos meios virtuais tão logo acabou o jogo que nunca aconteceu no Paraná. Não vejo com tanta alegria assim a frase de Luiz Sallim Emed, presidente do Atlético, que disse estar peitando o status quo quando os clubes decidiram impor sua vontade contra a federação.
Como levantou a lebre por aqui ontem o Duda Lopes, há muito mais a desconfiança de que a briga não vai dar em muita coisa além de uma lufada de esperança sem muito reflexo prático para o cotidiano da bola.
Mas só o fato de haver a discussão de quem detém os direitos de transmitir um jogo de futebol é salutar. Mesmo que voltemos à solução de sempre, haverá uma ponta de vontade dos clubes em serem donos do próprio nariz.
Isso passa, necessariamente, por um princípio básico na relação dos clubes com a mídia. O detentor do conteúdo é o esporte. A mídia é um dos meios de propagação desse ótimo conteúdo. Enquanto o esporte não se tornar o dono do conteúdo, sentando na mesa de negociação sabendo disso, ele sempre será refém daquilo que os donos dos direitos de transmissão definirem.
Como, no Brasil, quase sempre só há um veículo interessado em comprar os direitos dos principais eventos, o esporte fica limitado pela própria incompetência em gerar seu conteúdo.
Atlético e Coritiba não foram inovadores e muito menos “rebeldes”. Eles apenas fizeram o dever de casa, tratando o jogo de futebol como um conteúdo de entretenimento que é de posse dos times que produzem o espetáculo. O que o esporte no Brasil não soube fazer, nos últimos anos, foi tomar para si o controle sobre o conteúdo gerado. Agora, para correr atrás, só com muita briga contra o tal do status quo.