Em algum outro país, a atitude do zagueiro Rodrigo Caio, no clássico contra o Corinthians, poderia passar despercebida. Na Alemanha, não é raro um atacante avisar o árbitro que não sofreu pênalti. Em uma simples pesquisa pela internet, há mais de um caso assim relatado nas últimas temporadas.
Até seu companheiro de zaga, Maicon, estranhou a atitude do colega, de avisar a arbitragem que quem tinha dado um pisão no goleiro Renan Ribeiro havia sido ele, e não o atacante Jô.
Se o jogador do Corinthians tivesse recebido o cartão amarelo estaria fora do duelo de volta das semifinais do Paulistão, na Arena Corinthians, no próximo domingo. A punição acabou revertida pelo árbitro Luiz Flávio de Oliveira.
“Se foi certo ou não, é da consciência de cada um. Mas eu prefiro a mãe do meu adversário chorando em casa do que a minha”, alfinetou Maicon, mesmo ressaltando que apoiava o colega.
É possível que a própria torcida são-paulina critique a atitude de seu jogador. Ou que os corintianos achem que o zagueiro foi apenas “trouxa”. É provável que palmeirenses e santistas façam piada sobre o incidente.
De certa forma, não evoluímos em relação à polêmica propaganda dos cigarros Vila Rica, nos anos 70, protagonizada pelo tricampeão mundial Gérson. Na ocasião, o Canhotinha de Ouro dizia gostar de “levar vantagem em tudo”. Por anos, sua imagem ficou mais atrelada à “lei de Gérson” do que pelas belas atuações na inesquecível Copa do Mundo do México, em 1970. Se o termo caiu de moda, ainda não superamos o problema.
No Brasil das delações premiadas e das listas da Odebrecht é raridade vivenciar exemplos como Rodrigo Caio no dia a dia. Infelizmente, é preciso destacá-lo.