Ex-presidente do Barcelona e dirigente ligado a Ricardo Teixeira, Sandro Rosell foi detido nesta terça-feira (dia 23) pela polícia espanhola sob acusação de lavagem de dinheiro. Os policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão em casas de Rosell em Barcelona, Lleida e Girona. Também está sendo investigada uma conta que o dirigente mantém no paraíso fiscal de Andorra.
A operação, chamada de Jules Rimet, em homenagem ao ex-presidente da Fifa, prendeu pelo menos cinco pessoas, incluindo Marta Pineda, mulher de Rosell, e o empresário Shahe Ohannessian, ex-dono da BSM (Bonus Sports Marketing).
As diligências são feitas em colaboração com o FBI (polícia federal dos Estados Unidos) em processo que investiga a corrupção na Fifa e teve início em 2015.
A juíza Carmen Lamela mandou embargar € 10 milhões (R$ 36,56 milhões) em contas bancárias e em mais de 50 imóveis de Rosell, que representam mais de € 25 milhões (R$ 91,4 milhões). Os valores estariam em nome de laranjas para dificultar a identificação.
As investigações apontam que Rosell atuaria ilegalmente na cobrança de comissões ilegais sobre direitos de imagem em jogos da seleção brasileira. Essa verba era em seguida regularizada em contas mantidas em paraísos fiscais. De acordo com a polícia, o montante lavado chega a € 15 milhões (R$ 54,83 milhões).
A prisão de Rosell faz a investigação se aproximar de Ricardo Teixeira. O ex-presidente da CBF era próximo ao espanhol. Rosell atuou no Brasil como executivo da Nike, fornecedora de material esportivo da seleção brasileira.
O contrato entre CBF e Nike foi alvo de duas CPIs no início dos anos 2000. Esse compromisso está sendo investigado agora pelo Ministério Público dos EUA. Por ora, porém, Teixeira não foi alvo de nenhum mandado de prisão.
Alvo de diversas investigações, Teixeira renunciou à presidência da CBF às pressas em 2012, quando abandonou o Brasil. O dirigente voltou a morar no país, após período nos EUA e no Uruguai. Ele também tentou fixar residência em Andorra, mas teve o pedido de residência negado.
Durante a investigação do FBI que prendeu boa parte da cúpula da Fifa em 2015, a organização da Copa do Mundo de 2014 recolocou Teixeira como alvo da polícia por suas relações com Jérôme Valcke, então secretário-geral da Fifa. O suíço renunciou ao cargo pouco depois.
Advogado de Rosell, Pau Molins disse que seu cliente está “preocupado, mas surpreso” com sua prisão porque afirma que seus negócios no Brasil são “totalmente legais”. Segundo ele, a conta investigada em Andorra está “perfeitamente regularizada” e é conhecida das autoridades.
“Rosell foi acusado de coisas completamente legais. Ele não cometeu nenhuma irregularidade”, afirmou Molins.