A China se tornou um paraíso financeiro para os clubes europeus. Com futebol pouco desenvolvido no país e com dinheiro sobrando, há uma década que o país virou parada obrigatória para os grandes do Velho Continente. Mas o caso Kenedy mostra que isso não significa necessariamente um bom preparo para aproveitar isso.
O Chelsea errou duas vezes com o brasileiro Kenedy. A primeira foi no diálogo que o time deveria fazer com cada atleta. Se a ideia é passar a pré-temporada em um país diferente para conseguir novos parceiros comerciais, nada poderia sair da estratégia traçada. E isso inclui medir o comportamento de seus jogadores, tanto em eventos oficiais quanto nas redes sociais.
O segundo erro foi não proteger seu jogador em uma situação dessas. Qualquer brasileiro sabe que as palavras ditas por Kenedy nas redes sociais têm muito mais a ver com nosso jeito descontraído do que com qualquer tipo de preconceito. É claro, para nós, que não houve intenção de ofensa, que esteve longe de um menosprezo racista. Ao excluir o atleta da pré-temporada, o Chelsea tenta se desassociar da polêmica, mas faz isso da maneira menos empática possível.
No fim, ficou a imagem reproduzida em parte da mídia inglesa, com erros grosseiros na interpretação, e na mídia oficial da China, que levantou a bandeira do ofendido, sem tentar compreender o que de fato foi dito nas redes sociais por um jogador de 21 anos.
Talvez seja esse o desfecho ideal para uma pré-temporada europeia na Ásia, sempre cercada de artificialidades comerciais. No fim, propaga-se um espetáculo na região que está longe do que o futebol pode gerar de fato nos torcedores em todo o mundo.