A suspensão do Rally Dacar na última semana gerou um prejuízo estimado em mais de R$ 100 milhões, além de manchar a credibilidade da maior prova do gênero no mundo. Porém, a experiência negativa ocorrida no evento africano pode gerar bons resultados do outro lado do oceano, mais precisamente nos planos do Rally dos Sertões. Mesmo sem alardear essa intenção, a prova brasileira, que acontece este ano em junho, deve usar em sua comunicação o cancelamento do Rally Dacar. Isso é o que afirma Marcos Ermírio de Moraes, presidente da Dunas Race, responsável pela organização da competição nacional. “Não faz o nosso gênero se aproveitar de uma situação como essa, mas nós temos sim que mostrar que os Sertões têm o mesmo nível técnico do Dacar e conseguiremos atender a demanda das equipes [que não participaram neste ano do Rally Dacar]”, explica Moraes. Além de vender a competição internamente, o objetivo da Dunas é buscar as equipes e pilotos que ficaram “órfãos” do Rally Dacar neste ano. Para isso, a empresa pretende usar um discurso de paz, se opondo justamente a causa do cancelamento do evento africano. “Os problemas de segurança enfrentados em algumas etapas do Dacar é uma tendência na África. Por isso a América do Sul começa a se viabilizar como alternativa para o esporte e o Brasil, com o seu tamanho, terreno, população, moeda única e mesmo idioma, aparece com possibilidade para ser referência e, com isso, ter mais estrangeiros”, afirma o presidente da Dunas Race. Além das qualidades geográficas, sociais e econômicas do país, o próprio histórico do Rally dos Sertões pode ajudar a atrair participantes de outras nações, ainda de acordo com o responsável pela corrida. “Eu acho que os Sertões têm a sua história, estamos há 16 anos com o evento e, neste período, nós conseguimos construir um grande caminho. Dessa forma, eu acho que as equipes vão começar a buscar algumas alternativas que possam atender a demanda e, nesse ponto, os Sertões têm maturidade para atendê-las”, completou o executivo.