Na última semana, o Flamengo e o jornal Extra se envolveram em polêmica. O veículo mais uma vez ironizou o goleiro time. A direção do clube proibiu o jornalista de fazer perguntas em uma coletiva de imprensa. O último passo das discussões foi a demissão do vice-presidente de comunicação da equipe, Antonio Tabet, como colunista do O Globo, do mesmo grupo.
Esse parece o estopim de um jornalismo esportivo absolutamente descontraído e humorado que tem imperado nos últimos anos. A prática deu nova vida ao segmento, que também se beneficiou com a maior promoção dos eventos. E a Globo sempre foi a maior entusiasta desse método, com constantes piadas no Globo Esporte e nos gols do Fantástico.
O grande problema é que as linhas que separam o jornalismo e o entretenimento nem sempre são claras. No caso do Flamengo, a impressão é que o clube entendeu que o Extra havia ultrapassado o limite. A humilhação promovida ao goleiro Alex Muralha teria ido muito além da informação. A diretoria do time vetou o jornalista com o mesmo direito que teria de barrar um grupo de humor em um período conturbado da equipe.
As principais críticas à medida são baseadas no fato de que o clube limitou o acesso à informação, impôs uma censura à imprensa. A verdade é que o Flamengo abriu precedência para uma interpretação própria do que pode e o que não pode ser feito no futuro. E imprensa, com ou sem humor, não funciona dessa maneira.
É importante para a sustentabilidade do esporte que ele seja tratado como entretenimento. Mas esse é o momento de pensar até que ponto a mídia deve interagir com torcedores.