Há um mês, quando a PF fez a primeira busca na casa de Carlos Arthur Nuzman, chamou a atenção o fato de que ele tinha um passaporte russo.
Agora, o folclore passou a ser a posse de 16 kg em barras de ouro, o que lhe permitiria produzir medalhas olímpicas até a edição de 2028 dos Jogos, ou um patrimônio que é 127 vezes maior do que aquilo que o Time Brasil ganhou em medalhas de ouro desde 95, quando Nuzman assumiu o COB.
Os dois casos demonstram o quanto de influência e riqueza têm o homem mais forte do esporte brasileiro. E, de certa forma, também mostram como o esporte é capaz de produzir situações bizarras em troca de votos para cidades-sedes ou qualquer outra ação.
O caso que levou Nuzman à prisão envolve a compra de votos para que o Rio ganhasse a sede dos Jogos-2016. O projeto que foi liderado por João Havelange, o mesmo artífice da vitória de Barcelona para os Jogos-1992, o dirigente que soube usar a influência do futebol para arrebatar votos e outras cositas mais durante décadas.
O modus operandi do esporte na escolha de sedes de megaeventos parece ser igual há décadas. Em 2002, a escolha de Salt Lake City como sede dos Jogos de Inverno foi cercada por um escândalo de compra de votos.
O COI tinha se livrado das suspeitas de manipulação desde então. Mas a prisão de Nuzman é um baque.
Mais do que isso, parece ser o início do desenrolar de uma enroscada teia. Que passa obrigatoriamente por descobrir qual a origem russa que levou Nuzman a ter um passaporte do país que foi sede dos Jogos de Inverno de 2014 numa cidade que não tinha neve. E, obviamente, pelas 16 barras de ouro guardadas num cofre suíço…