Há algo que as marcas esportivas ainda não compreenderam: o equipamento usado pelos atletas não precisa ser o mesmo comercializado aos amadores. Porque cada elo dessa cadeia faz uso diferente do material.
Para um jogador, é necessária a máxima tecnologia para melhorar sua performance. Após os 90 minutos de jogo, aquela camisa é trocada com algum adversário. Nunca mais será usada.
Torcedores fazem uso diferente da vestimenta de seu clube do coração. Aquele uniforme que ficou marcado por alguma conquista será usado em várias oportunidades, seja na pelada, no estádio ou no dia a dia.
Após algumas lavadas, os caracteres que identificam numeração, nome ou patrocinador começam a cair ou desbotar. Ninguém mais usa uma camisa assim, que foi adquirida por valores acima de R$ 200 em lojas oficiais.
Problema semelhante acontece com os tênis de corrida de rua. Há alguns anos surgiu a onda dos calçados minimalistas. Esse material, pesando apenas algumas gramas, é o mesmo usado por maratonistas de elite.
Acontece que o corredor de rua médio não tem o físico de um fundista queniano. E a falta de amortecimento impacta diretamente em joelhos e musculatura de quem possui um peso normal ou corre para perdê-lo.
Em maio, a Nike realizou o Breaking2, projeto que buscou superar a barreira de 2 horas na maratona. Embora não tenha alcançado o objetivo, a marca vendeu muitos pares do tênis usados por Eliud Kipchoge no desafio. Melhor seria se esse público procurasse um calçado mais adequado a seu tipo físico.