Há exatos dois anos, o Japão foi vítima de um terremoto e um tsunami simultâneos que devastaram o país. Como se não bastasse, a tragédia ainda culminou em um acidente em usinas nucleares. Após esses acontecimentos, homenagens oriundas de todos os cantos do mundo foram destinadas ao povo japonês.
Algumas vieram de um clube de futebol de Florianópolis: o Avaí. Inicialmente, o time catarinense, além de prestar solidariedade, trouxe dois garotos japoneses para treinar com os juvenis. Agora, no entanto, foi a vez de o Avaí viajar para o outro lado do mundo para fazer uma ação social.
A equipe fechou parceria com o clube local Fukushima United para aplicar uma série de aulas de futebol gratuitas para crianças de seis a 12 anos. “Nosso objetivo era animá-las”, explicou Misaki Tsuruta, diretor de relações internacionais do Avaí, que representou os catarinenses na terra do sol nascente ao lado de Anderson Souza, preparador de goleiros do sub-17.
O time brasileiro deve permanecer mantendo relações com o Fukushima United. Ainda assim, estuda promover mais iniciativas do gênero. “Vamos continuar realizando projetos internacionais de caráter social”, revelou Misaki.
Confira, abaixo, a entrevista na íntegra:
Máquina do Esporte: Como surgiu a ideia de o Avaí oferecer aulas gratuitas de futebol para crianças no Japão?
Misaki Tsuruta: Em 2011, o Japão sofreu um dos piores terremotos e tsunamis de sua história e, posteriormente, um grave acidente nuclear. Desde então, o Avaí tem realizado projetos sociais voltados para o povo japonês. Já trouxemos dois jovens japoneses para treinar com nosso time juvenil, aqui em Florianópolis, por duas semanas. Agora, oferecemos essas aulas gratuitas de futebol para as crianças lá no Japão.
M.E.: Por que a escolha do Fukushima United para ser parceiro neste projeto?
M.T.: Nós entramos em contato com o governo japonês e decidimos realizar o projeto em Fukushima, uma das cidades que mais sofreu com os desastres. O único clube de futebol profissional da região é o Fukushima United. Portanto, fechamos parceria com eles para este projeto. O time do Fukushima United disputa atualmente a terceira divisão do futebol japonês.
M.E.: O Fukushima United também sofreu com os danos causados pelos desastres?
M.T.: Sim. Por algum tempo, o Fukushima United não pôde treinar e nem jogar em seu campo, porque o gramado foi muito prejudicado por conta dos desastres. Hoje, o ambiente se encontra em melhores condições. Pudemos aproveitá-lo para dar as aulas de futebol para as crianças lá mesmo.
M.E.: Quantos representantes do Avaí viajaram até o Japão?
M.T.: Para esse projeto no Japão, viajamos eu e o Anderson Souza, preparador de goleiros do time sub-17 do Avaí. Além de nós, três técnicos do Arezzo, clube italiano, ajudaram a dar as aulas. No futebol japonês, valoriza-se muito o trabalho dos técnicos de futebol, até mais que o dos jogadores. Foi muito interessante perceber isso.
M.E.: Qual a avaliação que você faz sobre essa ação? O projeto correspondeu às expectativas?
M.T.:Sim. O objetivo desse projeto era animar as crianças japonesas. E elas aproveitaram bastante as aulas de futebol, além de se divertirem muito, o que mostra que nossa meta foi alcançada.
M.E.: Qual a importância desse projeto para a internacionalização da marca Avaí?
M.T.: É muito importante projetar o Avaí internacionalmente. O Avaí deve procurar sempre isso, até para se destacar dos demais clubes brasileiros. No entanto, essas aulas de futebol para as crianças japonesas foi uma iniciativa de caráter especificamente social.
M.E.: O Avaí vai manter relações com o Fukushima United?
M.T.: Sim. Pretendemos estender essa parceria com o Fukushima United. Na próxima janela de transferências do futebol japonês, existe a possibilidade de emprestarmos alguns de nossos jogadores para eles e vice-versa, ou seja, queremos realizar uma espécie de intercâmbio.
M.E.: Que outros projetos internacionais envolvendo Avaí podemos esperar?
M.T.: Nosso objetivo é continuar realizando projetos internacionais de caráter social. Recentemente, a Síria passou por uma guerra civil e teve seu campeonato nacional de futebol paralisado. Poderíamos fazer alguma coisa nesse sentido, mas ainda nem conversamos com o governo sírio. Talvez mais à frente surja alguma novidade a respeito disso.