A Globo foi citada diretamente no julgamento que ocorre em Nova York sobre o esquema de corrupção na Fifa. Segundo um dos executivos da agência Torneos y Competencias SA, o argentino Alejandro Burzaco, a emissora foi uma das seis empresas de mídia que pagaram propina para ter vantagens em processos de concorrência por direitos de transmissão de eventos esportivos.
Burzaco foi ouvido no julgamento que acusa o ex-presidente da CBF José Maria Marin de fraude financeira e lavagem de dinheiro nas negociações com a Fifa. Segundo o executivo, empresas como a também brasileira Traffic, a mexicana Televisa, a americana Fox, a argentina Full Play, além da Globo, participaram dos esquemas.
A Globo resolveu se posicionar imediatamente sobre o caso, inclusive com notícias sobre a acusação em seus próprios canais. A empresa negou as acusações e afirmou que está à disposição das autoridades na investigação.
“O Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos”, afirmou em nota.
Por ora, as outras emissoras citadas não se posicionaram sobre as acusações de Burzaco. O grupo Clarín, da Argentina, também foi citado pelo executivo, ainda que tenha afirmado que esse não tenha participado do pagamento de propina.
Outro agente citado diretamente pelo argentino foi o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Segundo Burzaco, o brasileiro era o responsável pelos esquemas de propina ao lado de Juan Manuel Napout, ex-presidente da Conmebol. José Maria Marin também foi acusado de ter recebido propinas entre 2012 e 2015.
Burzaco era o principal nome da Torneos e Competencias, chamada de TyC. A empresa de marketing esportivo, com sede em Buenos Aires, esteve no centro das acusações de corrupção que abalaram a Fifa há dois anos. Atualmente, o executivo está em prisão domiciliar em Nova York, e suas acusações fazem parte do acordo de delação premiada fechado com a Justiça Americana.
Marin, Napout e Manuel Burga, ex-presidente da federação peruana, foram apontados pelo argentino como receptores de dinheiro ilegal. Eles são os únicos dos quase 40 nomes indiciados que ainda se declaram inocentes.