A delação de Alejandro Burzaco, um dos executivos da agência de marketing esportivo argentina Torneos y Competencias, segue a implicar a Globo.
Burzaco afirmou na última quarta-feira que a Globo pagou a Julio Grondona, ex-presidente da Federação Argentina de Futebol morto em 2014, para assegurar os direitos de exibição da Copa do Mundo até 2030.
O relato de Burzaco dá conta de que a emissora atuou em conjunto com a mexicana Televisa e a TyC para obter os direitos exclusivos sobre o Mundial para TV, rádio e internet. Eles pagaram US$ 15 milhões ao dirigente argentino.
A Globo tem se posicionado sobre o depoimento de Burzaco desde terça-feira, quando a empresa foi citada como uma das que pagou propina em negócios para obter direitos de transmissão para o mercado sul-americano. A Globo negou as acusações e se pôs à disposição das autoridades.
“O Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que após mais de dois anos de investigação não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos”, afirmou a emissora.
Segundo Burzaco, Marcelo Campos Pinto, ex-diretor de esportes da Globo, esteve em encontros para discutir destinação de propina a dirigentes como Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, e Juan Manuel Napout, ex-presidente da Conmebol.
“O Grupo Globo se surpreende com o relato envolvendo o ex-diretor da Globo Marcelo Campos Pinto. A ser verdadeira a situação descrita, o Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas”, disse a Globo.
Coincidência ou não, há dois anos Campos Pinto foi desligado de forma abrupta da emissora, sem dar detalhes sobre a saída. Desde o ano passado ele atua como consultor em direitos de transmissão, mas sem aparecer muito no mercado.
Burzaco era o principal nome da Torneos e Competencias, chamada de TyC. A empresa de marketing esportivo, com sede em Buenos Aires, esteve no centro das acusações de corrupção que abalaram a Fifa há dois anos. Atualmente, o executivo está em prisão domiciliar em Nova York, e suas acusações fazem parte do acordo de delação premiada fechado com a Justiça Americana.
Marin, Napout e Manuel Burga, ex-chefe da federação peruana, são acusados por Burzaco como receptores de propina. Eles são os únicos dos quase 40 indiciados que alegam inocência.