Na mesma semana em que o Sesi-SP, sob o comando de Paulo Skaf, assumiu mais uma iniciativa dentro do esporte, o técnico da seleção brasileira de futebol deu uma entrevista à “Folha de S.Paulo” para ressaltar seu distanciamento com Brasília.
“Não me sentiria à vontade com nenhum político. O meu meio é o futebol. A responsabilidade do técnico é ser democrático, transparente, e não misturar com o outro lado”, enfatizou Tite ao jornal paulista.
Tite tem plena ciência das divisões que o país convive desde as eleições de 2014. E também tem consciência de que o esporte e especialmente a seleção são historicamente usados como ferramenta política, algo ainda mais exacerbado durante o Regime Militar.
Não se deixar ser usado como massa de manobra é o maior ato político que Tite pode e deve exercer. Para ele, já basta conviver com a noção de que seu merecido sucesso será combustível para Marco Polo Del Nero, dirigente que insiste em sobreviver no futebol no cargo máximo que um cartola pode atingir no Brasil.
Lamentável é que times de basquete e vôlei não tenham a mesma força para recusar o papel que tenta exercer Skaf, numa corrida eleitoral que remete aos piores momentos de populismo da nossa política. O pretenso governador obteve destaque nos últimos anos com enorme influência em questões que se mostraram equívocos notórios. Restou o esporte para ser seu novo Pato Amarelo.
Tite e Skaf hoje representam dois extremos. O treinador da seleção quer a ética pela representatividade de sua figura. O pré-candidato quer sugar o apelo do esporte para deslanchar sua imagem no meio político.