Desde o início da semana que os principais analistas do mercado de TV nos Estados Unidos discutem qual é o impacto que tem a compra de parte da Fox pela Disney, anunciada na última quinta-feira.
Uma coisa pouco abordada por eles, porém, foi o outro lado da história, o de quem vendeu a empresa. A decisão da Fox de só continuar a controlar os canais de notícias e esportes, e apenas no mercado americano, é clara. Rupert Murdoch não quer entrar na briga do streaming, que já é enorme nos EUA e deve ganhar ainda mais o resto do mundo nesta próxima década.
Nos Estados Unidos, a Fox acusava o golpe do efeito Netflix. A empresa só havia planejado viver sob a proteção do mercado de operadoras de TV. A venda direta ao consumidor não era parte dos planos das suas empresas.
Com um modelo de negócios baseado em filmes e séries, justamente a seara onde o Netflix virou rei, passou a ser dura a concorrência para a Fox. A decisão, agora, é de seguir com aquilo que continua a ser mais consumido pela televisão, que é o evento ao vivo. Seja o de notícias, seja o de esportes.
A Disney, por outro lado, decidiu fazer grande investida sobre esse mercado. Há alguns meses, anunciou que terá o aplicativo de cada um de seus produtos. Em 2018, a empresa lançará o projeto piloto por meio da ESPN, que fará a venda direta ao consumidor, começando pelo mercado americano. Mas, com a compra da Fox, ela passa a ter um catálogo muito maior de filmes e séries à disposição. Além, claro, de poder brigar com mais propriedade nos eventos ao vivo.
A Fox, agora, ganha mais dinheiro para investir no duelo com a CNN nas notícias e, curiosamente, com a própria ESPN no esporte dos Estados Unidos. A tendência é que a Fox Sports, por lá, passe a ter muito mais fôlego para comprar os direitos de transmissão dos principais eventos esportivos.
Mas a ideia de desenvolver plataforma própria de streaming, ao que tudo indica, não é mais do interesse da família Murdoch. A Fox desistiu de ir para a briga, que terá a Disney como a única da velha guarda das empresas de mídia a ficar no encalço de Netflix, Amazon e Facebook.