O CEO da Lululemon, varejista canadense especializada em roupas e malhas de ioga, renunciou nesta segunda-feira (5). O motivo dado em comunicado oficial foi que Laurent Potdevin, de 50 anos, teria tido um “comportamento que não atende aos padrões da empresa”. As informações são do jornal norte-americano The Washington Post.
Apesar do motivo vago anunciado de maneira oficial, especula-se que a decisão tenha algo a ver com a maneira como o agora ex-CEO lidava com os funcionários. Isso porque no comunicado à imprensa, a Lululemon afirmou que “espera que todos os funcionários exemplifiquem os mais altos níveis de integridade e respeito uns com os outros”.
Em nenhum momento a empresa citou má conduta sexual como explicação para o tal “comportamento fora dos padrões”. A imprensa norte-americana, no entanto, citou nas reportagens sobre o assunto que, nos últimos meses, astros de Hollywood, políticos e executivos industriais e do ramo da moda perderam seus empregos por conta de denúncias de má conduta sexual.
Potdevin, que também saiu do Conselho de administração da empresa, receberá uma espécie de indenização baseada no acordo de separação entre as partes. A quantia de 5 milhões de dólares será paga em dinheiro, sendo dois terços desse valor de forma imediata e o último terço nos próximos 18 meses.
“Embora tenha sido uma decisão difícil, o Conselho agradece a Laurent por seu trabalho em fortalecer a empresa e posicioná-la para o futuro. A cultura está no cerne da Lululemon, e é responsabilidade dos líderes estabelecerem o tom correto em nossa organização. Proteger a cultura da organização é um dos deveres mais importantes do Conselho”, afirmou Glenn Murphy, presidente executivo do Conselho da Lululemon.
A decisão imediata é que três executivos seniores vão assumir responsabilidades adicionais para compensar a ausência de Potdevin. Eles vão se reportar a Glenn Murphy, que também divulgou que a empresa já está atrás de um novo CEO no mercado.
A notícia da renúncia de Potdevin e as especulações sobre os verdadeiros motivos devem cair como uma bomba na Lululemon, que vinha se recuperando de sérias dificuldades criadas entre 2013 e 2014. À época, após reclamações de algumas consumidoras sobre a qualidade das calças de ioga, o fundador da empresa, Chip Wilson, culpou os corpos das próprias clientes pelo problema. Wilson se afastou em 2015, e, com o foco de Potdevin nas vendas on-line e para o exterior, as coisas começaram a melhorar.
Os números dos últimos meses foram considerados sólidos, o que fez com que a empresa estabelecesse uma meta de chegar a uma receita de 4 bilhões de dólares em 2020. O faturamento atual é de 2,6 bilhões de dólares. Depois da divulgação da notícia da renúncia, no entanto, as ações da empresa caíram 3,5% em apenas um dia, o que deve dificultar os atuais objetivos da empresa.