Investimentos em Jogos Olímpicos no Brasil estão sempre focados no alto rendimento, um pecado recorrente na política esportiva do país. Mas os eventos costumam ir muito além da busca da medalha e dos torcedores de sofá. Com suas belas histórias e imagens, eles são um combustível para aqueles que querem sair do sedentarismo. E isso não pode ser ignorado.
Em Boston, nos Estados Unidos, acontece um fenômeno interessante a cada quatro anos: as pistas de curling lotam. Tanto os espaços públicos quanto os clubes especializados passam a receber um número de pessoas bastante acima da média. A culpa, claro, são os Jogos Olímpicos de Inverno. Neste ano, com o ouro da equipe norte-americana no evento, a procura foi ainda maior.
Ou seja, a empolgação por um esporte que esteja em foco é absolutamente normal em qualquer lugar do mundo. No Brasil, as academias de luta ganharam força após o crescimento do UFC no país, mas são escassos os exemplos de uma modalidade em voga que seja mais bem aproveitada.
Hoje, o que nós temos no país é um aumento de investimento em modalidades que conseguem sucesso em competições, mas sempre no âmbito do alto rendimento, com as confederações que passam a receber mais com o melhor desempenho esportivo. Por outro lado, o acesso do cidadão comum, que quer apenas praticar uma atividade física, é constantemente negado; faltam espaços públicos nas grandes cidades.
O maior erro do Brasil nos megaeventos recentes não foi o excesso de corrupção ou a ausência de um planejamento sustentável, mas enxergar a importância do esporte no desenvolvimento social como algo frívolo frente ao contexto geral.