A Conmebol cravou: a final da Libertadores será em partida única, nos mesmos moldes que acontece na Liga dos Campeões da Europa. A entidade segue algo que já tem sido feito no Brasil: importa a festa do Velho Continente, mas sem seguir tantos outros padrões de excelência. No fim, perde-se apenas a autenticidade do evento.
Há uma lista de fatores positivos na mudança que são difíceis de serem rebatidos. A final única cria um evento especial para a Libertadores, um pico do torneio. Aumentam as possibilidades de ações especiais e fortalece a cidade escolhida, com maior número de turistas.
Há um único problema: a América do Sul não é a Europa. Na América, o dinheiro é curto e as distâncias são longas. Imagine, por exemplo, a final de 2016 entre Atlético Nacional e Independiente del Valle jogada em Miami ou em Porto Alegre. Seria o fim da festa dos torcedores locais, uma agressão ao torneio.
Cito o Brasil pelas imposições recentes das federações na entrada dos times em campo. Perfilados, unidos, sob um hino infame da competição. As crianças, a guerra de gritos nas arquibancadas, os papéis e os bandeirões ficaram para trás. Eram o símbolo maior das festas dos estádios no país. Na Argentina, a tradição é ainda maior: o chamado “recibimiento” é o ápice do evento.
Pode parecer uma questão menor, mas os fatores que criam identidade aos torcedores e ao seu modo de torcer são o que fazem com que o torneio seja único, seja apaixonante. A Libertadores jamais será a Champions, e é bom que seja assim.
As entidades sul-americanas precisam ter ciência que organização, profissionalismo e segurança passam longe do que pode ser visto em curto prazo.