O duelo Esporte Interativo e Globo pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro da Série A de 2019 a 2024 fez com que a Globo praticamente forçasse a competição a ter a receita de TV dividida como se fosse uma liga.
Essa foi a saída da Globo para resolver dois problemas que ela tinha desde 2011, quando os contratos com os clubes começaram a ser assinados individualmente. O primeiro, a diferença de valor entre os times. O outro era o problema que ela tinha quando um clube caia para a Série B e continuava recebendo dela, que por sua vez já havia pago pelos direitos dessa competição.
A partir do ano que vem, 40% do dinheiro da TV da Série A será dividido igualmente entre os clubes, outros 30% serão repartidos conforme a colocação do time no torneio e o restante pelo número de aparições na TV. Os direitos serão separados em fundos TV aberta, fechada e pay-per-view.
Por trás da criação desse modelo está Fernando Manuel, executivo que assumiu a diretoria de direitos esportivos da Globo em novembro de 2015, com a saída de Marcelo Campos Pinto do comando da área. Manuel falou com a reportagem da Máquina do Esporte sobre o novo contrato com os clubes, poucos dias após garantir as assinaturas de Santos e São Paulo. Nos próximos dias, publicaremos os principais trechos da entrevista.
“A implementação do novo modelo se revelou útil, uma valiosa ferramenta no processo de renovação dos direitos, em momento de forte concorrência – e parabenizo os concorrentes pela iniciativa e interesse em investir no futebol brasileiro – e com panorama econômico desafiador no Brasil. Mas se revelou agradável também, pois provocou um amplo e valioso debate com os clubes, o aprimoramento de nossa relação comercial com eles baseada em princípios de meritocracia e equilíbrio, e a execução do mais longo, em prazo, e amplo, no número de clubes signatários, acordo de direitos referente ao Brasileiro”, disse Manuel.
Essa união do “útil” ao “agradável” acabou fazendo com que o Esporte Interativo perdesse força em sua negociação com os clubes. Fluminense, Grêmio e São Paulo acabaram aceitando a oferta da Globo para todas as mídias por causa disso. Mas, se a disputa serviu para clarear o modelo de divisão do dinheiro da TV, o mesmo não pode ser dito sobre as transmissões dos jogos.
Pela maneira como está estruturado o acordo, SporTV e EI não poderão exibir boa parte dos jogos da Série A. Neste ano, são 13 clubes do grupo da Globo e sete do EI. Só quando dois times têm o mesmo contrato é que o jogo pode ser exibido. A divisão de direitos é algo que não está nos planos. Ao menos da Globo.
“Vejo pouco ou nenhum motivo para isso neste momento, mas costumo evitar as palavras não ou nunca”, completou Manuel.