A hora de implodir a CBF chegou, mas, aparentemente, os clubes não estão organizados para isso. Na última semana, os presidentes das federações se reuniram na surdina para fechar a candidatura única de Rogério Caboclo, principal aliado de Marco Polo Del Nero, à presidência da confederação.
A manobra foi possível porque, há exatamente um ano, Del Nero mudou os pesos dos votos para a presidência da entidade. As federações passaram a valer mais que os clubes. Com 20 votos das organizações estaduais, o posicionamento dos times passa a ser supérfluo na “democracia” da entidade. Como ela controla financeiramente essas federações, não houve muito trabalho para consolidar Caboclo.
Depois de ter Ricardo Teixeira e José Maria Marín afastados da CBF, a entidade perderá Marco Polo Del Nero, sufocado em acusações no Fifagate. Mas, em um golpe político, manterá as diretrizes das últimas décadas, com a devida submissão dos clubes.
O caso explicita a absoluta falta de legitimidade do mais alto comando do futebol brasileiro. E deixa claro que é essa a hora da mudança. Não existe evolução, técnica ou comercial, com nenhum produto do principal esporte nacional com essa administração vexatória. Por isso, esse suposto vácuo de poder deve ser preenchido imediatamente com novas medidas, como a criação da Liga.
Infelizmente, foram poucas as manifestações a respeito. Talvez a mais efusiva tenha sido a do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que declarou que a CBF teria “um problema muito grave” caso realizasse o golpe. As palavras foram ditas um dia antes de a medida ser posta em prática. Agora, ficou o silêncio, com a baixa expectativa de que algo mais animador ocorra nos próximos meses.