O Bragantino precisará que o Pacaembu tenha pelo menos 20 mil torcedores na partida contra o Corinthians para realmente valer a pena entregar o mando de jogo para o rival na disputa das quartas de final do Campeonato Paulista.
Mais uma vez, o torneio vê um dos postulantes ao título abrir mão de jogar em seu estádio para tentar ganhar mais dinheiro com bilheteria. O Bragantino decidiu que jogará contra o Corinthians no Pacaembu, para apenas 2 mil torcedores de Bragança Paulista, entregando os outros 30 mil lugares para os corintianos. A decisão foi financeira, segundo Marco Chedid, presidente do clube paulista.
“A ideia foi do Bragantino. Vamos disputar uma Série C do Campeonato Brasileiro. Não tem nenhum apoio. Então, vou acabar o campeonato agora e tenho seis meses de Série C sem apoio nenhum. O clube vai sobreviver financeiramente porque tem que pagar suas contas”, afirmou o dirigente.
O problema é que, por conta dos altos custos de uso do Pacaembu, somente se o estádio estiver com pelo menos 20 mil torcedores é possível obter um lucro que seja maior do que jogar no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista.
Em seis jogos no Paulistão em seu estádio, o Bragantino teve lucro em apenas dois. O de estreia, contra o Botafogo, e contra o Palmeiras, o único entre os quatro grandes do estado a atuar em Bragança. Nos outros quatro jogos, o clube pagou para entrar em campo.
Quando jogou contra o Palmeiras, o Bragantino levou 7.700 torcedores ao Nabi Abi Chedid, a maioria palmeirense. A renda bruta foi de R$ 420 mil. Mas, como os custos de aluguel e uso do estádio são menores, as taxas foram de 22%, resultando num lucro de R$ 330 mil.
O clube chegou até a fazer uma postagem em seu Instagram para tentar mostrar aos torcedores que a entrega do mando é benéfica, o que gerou bastante polêmica nos comentários na rede social.
O problema é que, no Pacaembu, somente um jogo do Corinthians teve lucro maior do que esse do Bragantino contra o Palmeiras. Foi na partida contra o São Paulo, com torcida única, ingressos mais caros e 34 mil torcedores presentes.
Naquele jogo, o Corinthians lucrou pouco mais de R$ 796 mil, cerca de 62% do total de receita de bilheteria, que foi de R$ 1,2 milhão. Os altos custos do Pacaembu minaram os lucros corintianos e também do Santos, que mandou alguns jogos no estádio. No Pacaembu, geralmente 45% da receita fica para o pagamento de taxas.
O histórico de entrega de mando neste Paulistão também não ajuda. Na segunda rodada, o São Caetano adotou a mesma tática do Bragantino e jogou contra o Corinthians no Pacaembu. A partida teve 8 mil torcedores e prejuízo de R$ 62 mil.
Para realmente ter o sucesso financeiro almejado, o Bragantino terá de contar com o interesse da torcida corintiana em lotar o Pacaembu. Para piorar, ainda existe a chance de a partida ter de mudar de horário, já que a Polícia Militar manifestou-se contra a realização do jogo no domingo às 11h por questões de logística (haverá prova de corrida de rua na região do estádio pela manhã) e segurança (a PM teme confronto de corintianos com são-paulinos, já que o São Paulo joga em São Caetano do Sul às 17h).