A MLS (liga de futebol dos Estados Unidos) tem um enorme desafio no mercado americano: se destacar entre outras quatro modalidades coletivas muito mais tradicionais do país. E, para criar um diferencial, a organização recorre a uma característica especial do futebol, que o Brasil insiste em deixar de lado.
No último fim de semana, o Los Angeles FC, time que estreou na MLS neste ano, enfrentou o Seattle Sounders em sua casa. Quem assistiu à partida, pôde ver uma enorme festa nas arquibancadas. Tem explicação: a MLS recorre a um jeito bem latino-americano para tornar o futebol especial.
Vários detalhes chamaram a atenção. O hino americano foi puxado pela própria torcida, de forma oficial. Na arquibancada atrás do gol, sem cadeiras, um bandeirão foi levantado com a frase “shoulder to shoulder”, em referência ao modo como a festa é feita em pé. O artefato ainda expunha o número “3252”, em referência ao número de lugares comportado na área. O estádio novo estava lotado, com mais de 20 mil pessoas. Sinalizadores também regeram a festa.
A MLS sabe muito bem que o modo de torcer no futebol é parte fundamental da identidade do esporte. O modo apaixonado de se expressar nas arquibancadas é o que torna a modalidade especial, diferente de qualquer outra.
Por isso, é surreal o modo como o Brasil força, em diversas frentes, a mudança no comportamento do torcedor. Torcida única e proibição de bandeiras, sinalizadores e instrumentos são modos de desconstruir o futebol. E, sem identidade, não há nada que o sustente; é uma sentença de morte. Indiretamente, os EUA mostram ao Brasil que o modo de promover o esporte mais popular do país precisa ser urgentemente revisto.